26/07/2025
Alimentos e bebidas vs. HiBe e limpeza: categorias vivem realidades opostas no 1º semestre
POR Barbara Fernandes
EM 25/07/2025

Foto: Adobe Stock
Os primeiros seis meses de 2025 escancararam a necessidade de uma reavaliação das estratégias em certas categorias. De um lado, alimentos e bebidas conseguiram crescer em faturamento mesmo com retração nas vendas em volume. Do outro, as categorias de higiene, beleza (HiBe) e limpeza enfrentaram forte queda nas unidades vendidas e desempenho quase estagnado em valor, mesmo com o aumento dos preços.
Segundo dados da Mtrix, no 2º trimestre, as vendas de alimentos e bebidas caíram 1,3% em volume, mas o preço médio subiu 9,5%, resultando em um avanço de 8% no faturamento. Já os segmentos de home care e personal care mostraram um cenário inverso: queda de 9,3% no volume e recuo de 6,1% em valor, apesar de um reajuste de 3,7% nos preços médios.
A análise da Scanntech referente ao 1º semestre confirma esse movimento. Os perecíveis, por exemplo, cresceram 1,4% em volume e 9% em faturamento, demonstrando resiliência. Em contrapartida, perfumaria (-5,2%) e limpeza (-3,5%) lideraram as quedas em volume, e apresentaram avanço tímido ou quase nulo em valor, de 0,3% e 0,2%, respectivamente.
Embora alimentos e bebidas sigam como os principais vetores de faturamento do varejo alimentar, os números revelam um sinal de atenção para categorias que perderam relevância no carrinho do consumidor. Isso pode ser reflexo de maior seletividade nas compras, priorização de itens essenciais e, em parte, da migração de consumo para o digital.
HiBe se destaca no online
Hoje, cerca de 41% das vendas de higiene e beleza já ocorrem por canais de e-commerce. A busca por descontos e a maior variedade de produtos são os principais atrativos para o consumidor. Com o avanço das estratégias omnichannel e o fortalecimento das plataformas digitais, a expectativa é que a presença online de categorias como HiBe se torne ainda mais relevante.
Esse dado revela uma necessidade clara para o varejo: é urgente estruturar estratégias digitais específicas, que considerem a dinâmica de preço, sortimento e experiência de compra online. Marcar presença no digital já não é mais diferencial, é pré-requisito para competir em categorias que estão migrando rapidamente para esse ambiente.
Hora de reavaliar o ponto de venda
No canal físico, por sua vez, o desafio é reposicionar essas categorias de forma mais estratégica. Isso passa por uma melhor organização nas gôndolas, ativação no ponto de venda, revisões de sortimento e ações de comunicação mais direcionadas. Com o consumidor mais seletivo, destacar o valor percebido de produtos de higiene e beleza se torna essencial.
Algumas das tendências que podem ser exploradas são linha de cuidados para homens, produtos premium, veganos e cruelty free, maquiagens, e produtos de skincare. Já no lado da limpeza, itens com apelo sustentável e produtos multifuncionais ganham força. Além disso, fragrâncias diferenciadas, edições limitadas e marcas com proposta de valor clara podem ajudar a criar conexão e fidelidade.
O desafio está em traduzir essas tendências em experiências de compra atrativas, com exposição adequada, preço competitivo e comunicação que dialogue com as novas demandas. O ponto de venda precisa deixar de ser apenas um local de reposição e se tornar um espaço de descoberta e influência.
Reverter o cenário nos primeiros meses do ano dessas categorias exige uma abordagem combinada: olhar para dados, entender o novo comportamento do consumidor e agir com inteligência nos canais físico e digital. Apesar de desafiador, essa é uma oportunidade para quem souber ler os sinais e adaptar suas estratégias.
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Barbara Fernandes
Repórter