Foto: Arquivo SA+

Com a deflação no preço dos alimentos, os atacarejos estão vendo uma piora em seus negócios, pois apesar das mercadorias mais baratas significarem uma economia para o consumidor final, especialistas indicam que isso não os leva a consumir mais. Pelo contrário, em um cenário de crise econômica como o atual, a economia gerada é destinada ao pagamento de dívidas e outras necessidades.

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Para se ter uma ideia, o Atacadão e Assaí reportaram quedas de 4,3% e 1,7% nas lojas abertas há mais de um ano em seus balanços do 2º trimestre deste ano, comparado a igual período de 2022

Entretanto, quando analisado o 1º semestre como um todo, o Atacadão teve uma alta de 0,2% e o Assaí subiu 2,3%, isso porque ambos tiveram resultados mais promissores no início de 2023. 

Essas grandes redes do ramo de atacarejo não são as únicas sofrendo com a deflação, de acordo com a pesquisa mensal realizada pela Nielsen houve um recuo de vendas em São Paulo e Rio de Janeiro. Dentro do período específico de 2 de janeiro a 7 de julho a receita em ambas as regiões do Sudeste teve uma queda de 3% e 3,3%, respectivamente. No conjunto com outras regiões do Brasil o avanço foi de somente 1,7%. 

Para o CEO de uma atacadista no interior de São Paulo, cujo nome ou empresa não foram revelados em relato divulgado para o Valor Econômico, a deflação possui um impacto maior para os atacarejos em comparação ao varejo. Isso, pois lojas que levam esta bandeira possuem uma dependência maior na venda de commodities como arroz, feijão, trigo e óleo de soja – que representam entre 15% e 25% da cesta total comercializada.

Dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) demonstram que esses produtos têm registrado uma queda nos preços, como é o exemplo do óleo de soja que diminui em quase 8% seu preço e o feijão que teve uma queda de 9,5%. 

Segundo Belmiro Gomes, Presidente do Assaí, em entrevista para o Valor, com a deflação os clientes que frequentavam suas lojas para abastecer seus negócios começaram a demorar mais para realizar as compras no intuito de conseguir o menor preço possível, algo que diverge nos tempos de inflação quando os consumidores compram mais e armazenam por receio de uma alta nos preços. Assim, para Gomes graças a este movimento, os atacarejos precisam calibrar melhor os estoques. 

Já Stéphane Maquaire, CEO do Carrefour, afirmou na última quarta (26/07) que apesar de também ter sentido uma queda nas compras, a expectativa para o 2º semestre do ano é de que isso se normalize com a deflação perdendo o fôlego. 

Para contornar a situação da queda nos preços, algumas redes passaram a negociar prazos de pagamento maiores com seus fornecedores, como é o caso do Atacadão que teve um ganho em prazo de 3 a 4 dias no 2º trimestre, sem efeitos negativos para a indústria. 

Outras ações como as campanhas promocionais também precisam ser repensadas neste cenário de deflação, pois as referências de valor mudam com a deflação. Conforme o resumido por Gomes, não há por que fazer a oferta de um produto como o óleo de soja quando seu preço pode cair mais. 

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