Uso estratégico do planograma traz resultados concretos para o varejo

Foto: Dalben Supermercados 

No varejo, cada centímetro conta, e saber utilizá-lo de forma estratégica pode transformar o desempenho das lojas. Um caso que exemplifica isso é o de uma rede de supermercados em Santa Catarina. Ao implementar um planograma detalhado no corredor de limpeza, a rede viu uma redução em até 85% nas rupturas de estoque e um aumento de 12% nas vendas em apenas oito semanas.

Esse é apenas um exemplo prático de como o planograma vai muito além da simples organização de prateleiras. Trata-se de uma ferramenta estratégica capaz de alinhar a disposição dos produtos com os hábitos de consumo dos clientes, garantindo que itens com maior giro e rentabilidade ocupem posições de destaque, além de otimizar o reabastecimento e evitar rupturas.

Raphael Figueira Costa, CEO da Figueira Costa, destaca que o planograma não é apenas um mapa visual, mas sim um verdadeiro "manual de execução comercial". “Quando bem aplicado, ele garante que a estratégia desenhada no escritório seja efetivamente colocada em prática no ponto de venda”, explica.

Resultados concretos com planogramas bem aplicados

Foto: Raphael Figueira Costa - Figueira Costa

Outro exemplo claro vem de uma rede de São Paulo, que reorganizou seu corredor de cafés com base em um novo planograma. O resultado foi uma redução de 82% nas rupturas e um aumento de 14% nas vendas. A chave desse sucesso foi a análise criteriosa de dados de vendas e comportamento do consumidor, que permitiu ajustar a quantidade de produtos e o espaço linear dedicado a cada item, evitando excessos e escassez nas gôndolas.

A rede Dalben Supermercados também adotou uma abordagem inovadora, centralizando a gestão de seus planogramas para padronizar processos e otimizar o controle de estoque focada na otimização de espaço. Segundo Fernanda Dalben, diretora da rede, a centralização permitiu padronizar processos, melhorar o controle de estoque e implementar práticas rigorosas de monitoramento e análise de dados.

"Passamos a identificar desde o recebimento, se o item estava em ruptura ou com baixo estoque, o que agilizou o direcionamento imediato dos produtos para as lojas, otimizando o abastecimento", explica.

A gestão de planograma no Dalben ajustou o espaço linear dos produtos de acordo com a estratégia de cada categoria, priorizando itens com maior giro e rentabilidade. Isso resultou em uma melhoria significativa no faturamento, otimização de estoque e redução de quebras por validade. A experiência do cliente também foi impactada, com maior disponibilidade de produtos e uma organização mais eficiente nas lojas. A utilização de tecnologias avançadas, como auditorias de preços e presença dos itens em gôndolas, proporcionou uma personalização na experiência de compra e um atendimento mais ágil.

Essas mudanças impactaram diretamente os indicadores de eficiência operacional, com reduções expressivas nas rupturas de produtos e um aumento na velocidade de abastecimento. A partir desses resultados, Fernanda destaca a importância de continuar investindo em tecnologias, como inteligência artificial e análise de dados, para expandir as operações e melhorar ainda mais a experiência dos clientes. "Estamos planejando integrar os projetos de planograma com soluções de contagem de estoque e auditoria de preços, buscando garantir que os produtos estejam visíveis, disponíveis e com o preço certo."

Os resultados não são meros números; eles ilustram o poder transformador de uma gestão de espaços bem-feita. Lojas que adotam uma estratégia de planograma alinhada aos hábitos de consumo dos clientes tendem a aumentar suas vendas.

Dicas cruciais para implementação de planogramas

Foto: Raphael Figueira Costa, CEO da Figueira Costa

Para os varejistas que estão começando a implementar planogramas, a principal dica é ter "paciência, persistência e disciplina" sugere Costa. Trata-se de um processo com uma curva de aprendizado longa, mas os benefícios a longo prazo são inegáveis. Engajar todas as áreas da empresa no processo é crucial para garantir que todos entendam a importância do planograma para suas respectivas funções.

Embora a inteligência artificial esteja transformando muitos aspectos do varejo, o toque humano ainda é indispensável na criação de planogramas. Ter uma pessoa dedicada a essa tarefa, bem treinada e com uma visão clara da estratégia da empresa, é fundamental para o sucesso. E, acima de tudo, é essencial garantir que os esforços na criação dos planogramas se traduzam em execução eficiente nas lojas, pois é na prática que os resultados se manifestam.

Conforme o CEO, as principais vantagens quando se alia o planograma a um processo de gerenciamento de espaços bem estruturado, são:

• Garantia de que a estratégia comercial chegue até a loja de forma clara e objetiva
• Garante o espaço de cada item cadastrado e ativo
• Facilita processo de distribuição das mercadorias para as lojas
• Evita dinheiro parado no depósito da loja
• Melhora a eficiência da operação de loja na reposição de gôndola

A tecnologia como aliada na gestão de planogramas

Para Costa, o uso de tecnologia é crucial para maximizar os benefícios do planograma.

“Ferramentas tecnológicas permitem a criação, distribuição e monitoramento em tempo real dos planogramas, garantindo que eles sejam implementados de forma uniforme em todas as lojas da rede”, afirma.

A integração com inteligência artificial e reconhecimento de imagem também permite uma verificação automática da conformidade dos planogramas, reduzindo custos e aumentando a precisão.

Essas tecnologias têm um impacto direto na experiência do cliente. No caso da Dalben, a personalização da experiência de compra e o atendimento mais ágil vieram como consequência de uma gestão de espaço mais eficiente, que garantiu maior disponibilidade de produtos e uma organização que facilita a compra.

Desafios e ajustes necessários

Apesar dos benefícios, a implementação de planogramas também traz desafios. Segundo Raphael, é preciso mais do que adquirir softwares: “O sucesso depende do comprometimento da alta gestão e do engajamento das equipes. A tecnologia é uma ferramenta, mas o fator humano é indispensável para garantir a execução eficiente nas lojas”.

Além disso, ajustes contínuos são fundamentais. O feedback dos consumidores e a análise de dados devem ser usados para revisar e otimizar constantemente o layout das prateleiras, garantindo que os produtos certos estejam nos locais de maior visibilidade e acesso.

Feedback do consumidor e a importância de ajustes contínuos

O feedback dos consumidores é uma ferramenta inestimável na criação e ajuste dos planogramas. Estudos indicam que a visão é o sentido mais influente na decisão de compra, e os clientes geralmente fazem essa decisão em questão de segundos. Se um cliente tiver dificuldade em encontrar um produto na prateleira, isso pode significar uma venda perdida. Por isso, é essencial que o layout dos produtos seja constantemente revisado e ajustado com base nas percepções dos consumidores. Essa abordagem proativa não só melhora a experiência de compra, mas também aumenta a fidelização, já que os consumidores tendem a retornar a lojas onde suas necessidades são facilmente atendidas.

Varejistas que investem em tecnologia, análise de dados e colaboração com as indústrias conseguem transformar essa ferramenta em um diferencial competitivo. Para o futuro, a gestão eficiente dos espaços de venda será uma prioridade estratégica, impulsionada pela complexidade das cadeias de suprimentos e pela necessidade de maximizar cada centímetro das lojas. A combinação entre planogramas bem elaborados, ferramentas tecnológicas e uma equipe bem treinada é o caminho para o sucesso no varejo alimentar.