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O volume de ofertas nos supermercados brasileiros tem se concentrado em duas categorias principais: mercearia e perecíveis. A mudança, que vai além da estratégia promocional, está relacionada a fatores como frequência de compra, sensibilidade ao preço e ajuste do consumo a um cenário de restrição orçamentária. Os dados são de um levantamento da empresa Shopping Brasil.

A mercearia continua a ser o segmento mais presente nas ações promocionais. Em 2020, representava 35% do total de ofertas. Em 2024, essa fatia subiu para 38%. Bebidas são o destaque dentro da categoria, especialmente a cerveja, que atrai atenção por seu apelo de preço. 

“A categoria de bebidas, sozinha, representa 11% das ofertas em média, podendo chegar a 14% em períodos sazonais, como o Carnaval e as festas de fim de ano”, afirma Renata Ribeiro Gonzalez, diretora Comercial e de Marketing da Shopping Brasil.

Os produtos perecíveis também ampliaram participação. Entre 2020 e 2024, passaram de 29% para 35% das ofertas. A maior frequência de compra exigida por frutas, legumes, verduras, carnes e aves contribui para esse desempenho. Segundo a pesquisa, essa movimentação busca aumentar o fluxo nas lojas ao incentivar visitas regulares dos consumidores.

No canal de atacarejo, os perecíveis representam 37% das promoções. O crescimento se dá principalmente por hortifruti, carnes e aves, segmentos que passaram a compor um sortimento mais completo nas lojas do tipo cash & carry.

A estratégia responde à demanda por variedade em um único local de compra. Dados da NIQ apontam que 39% do crescimento do canal ocorre por meio dos perecíveis frescos.

Outras categorias também apresentaram variações. Higiene e beleza, que atingiram 19% das ofertas em 2020, reduziram sua participação para 15% em 2024. No entanto, no primeiro trimestre de 2025, houve retomada para 17%. Para a Shopping Brasil, o dado pode indicar oportunidade de reativação da categoria por meio de promoções.

Já o café apresentou retração. Embora siga como item de consumo frequente, o aumento de 81% no preço médio das ofertas impactou sua presença promocional. No primeiro bimestre de 2025, a quantidade de ofertas do produto caiu 47% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A mudança nas embalagens também foi observada. “Houve uma migração para tamanhos menores (até 250g), reduzindo o desembolso imediato do consumidor. Isso foi uma clara resposta à pressão sobre o poder de compra”, afirma Renata.

As alterações no sortimento promocional apontam para uma adaptação do varejo ao cenário econômico e às novas formas de consumo.

“A dinâmica das categorias nos mostra que entender o consumidor é, antes de tudo, entender o que e como ele escolhe comprar. Por isso, profissionais que atuam no varejo, indústria ou estratégia comercial devem acompanhar esses movimentos”, diz Minoru Wakabayashi, CEO da Shopping Brasil.