Precisão e agilidade: especialistas discutem como aprimorar a gestão de estoque por meio da inovação 
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08/05/2025
Precisão e agilidade: especialistas discutem como aprimorar a gestão de estoque por meio da inovação 
Precisão e agilidade: especialistas discutem como aprimorar a gestão de estoque por meio da inovação
POR Bárbara Fernandes
EM 07/05/2025

Foto: Divulgação
Com a crescente competitividade do setor, a tecnologia tornou-se uma aliada indispensável na gestão de estoque, trazendo maior precisão, rapidez e redução de perdas. A modernização não só otimiza os processos internos, como também impacta de forma positiva a experiência do cliente. E o resultado? Aumento na rentabilidade.
As principais ferramentas cruzam dados de sell in, de sell out e de ruptura com inteligência artificial. Quem afirma é Dionaldo Passos, diretor da unidade de negócios de supply chain da Neogrid. “Mais do que controlar o estoque, a tecnologia entende o consumo e sugere ações em tempo real. Ela identifica padrões de compra e transforma a informação em inteligência, com foco na disponibilidade, margem e capital de giro.”
Dionaldo Passos, diretor da unidade de negócios de supply chan da Neogrid. Foto: Divulgação
“Com a IA, é possível recomendar o que, quanto, onde e quando comprar. E mais: indicar promoções específicas por loja, redirecionar estoques e até propor ajustes no sortimento com foco na rentabilidade e na experiência do cliente”, conta Dionaldo Passos, diretor da unidade de negócios de supply chan da Neogrid.
A descrição do executivo se refere à funcionalidade de machine learning, que aprende com o passado e reage ao presente. Os recursos atuais respondem bem a eventos “fora da curva”, como consequências das mudanças climáticas e tendências culturais.
Para Camilo Manfredi, head de produto da Scanntech, a automoção traz grandes vantagens quando feita de forma colaborativa entre indústria e varejo. “Neste caso, ela pode melhorar o fluxo de caixa, reduzir o custo de capital, aumentar as vendas e evitar rupturas”, conta.
Ricardo Romanetto, CEO da Kikker, que atua com sistema de gestão de abastecimento, acrescenta que a adoção de tecnologias também pode auxiliar na análise dos fornecedores e trazer mais inteligência ao processo de conferência e recebimento de inventário.
“Normalmente, as tarefas geradas pela inteligência são tomadas antes mesmo da demanda, fazendo com que a disponibilidade de produto seja mais assertiva”, comenta.
Ricardo Romanetto, CEO da Kikker. Foto: Adobe Stock/Foto arquivo SA+
“Temos opções de ferramentas no Brasil de supply chain com ações iguais ou até melhores que as ferramentas internacionais, principalmente levando em consideração as demandas particulares de cada região do País”, explica Ricardo Romanetto, CEO da Kikker.
Apesar de a integração dessas ferramentas ser o ideal, muitos varejistas ainda se baseiam somente no próprio ERP ou em planilhas de Excel. “Há muito espaço para evolução com as tecnologias existentes”, aponta Vinicius Hilkner Oliveira, fundador e CEO da Salesrun, empresa de gestão de estoque com IA que tem clientes como o Grupo Amigão, do Paraná.
Vinicius Hilkner Oliveira, fundador e CEO da Salesrun. Foto: Divulgação
“A IA está mudando a forma de realizar a gestão dos varejos. Hoje ela ainda é opcional, mas no futuro ela será praticamente obrigatória para as empresas que quiserem se manter competitivas”, afirma Vinicius Hilkner Oliveira, fundador e CEO da Salesrun.
“Nos integramos a qualquer ERP e conseguimos usar a IA para entender o padrão da demanda por SKU, dia e loja. Também fornecemos o monitoramento para o lojista poder verificar o estoque pelo WhatsApp”, conta Oliveira. “Entre o 2º e o 3º mês já é possível dar 70% de acuracidade na previsão, e isso tende a aumentar com o tempo, pois a IA vai aprendendo. Já a ruptura chega a cair até 35% no 8º mês”, explica.
Dionaldo Passos também compartilha os resultados alcançados com a ferramenta de reposição inteligente da Neogrid. Uma rede regional reduziu a ruptura em 32% e aumentou a rentabilidade por metro linear de gôndola em 15%. Já uma rede nacional reduziu o ciclo de reposição em 48 horas se conectando com os fornecedores por meio da plataforma da empresa.
A gestão não deve ser a mesma para todos os produtos
As diferenças na gestão de estoque para cada categoria são tantas, que boa parte das ferramentas disponíveis no mercado não atua em 100% do mix. O Salesrun, por exemplo, é voltado para os industrializados, como das seções de limpeza e bebidas. “A recomendação é: tenha um ERP que olhe para o todo e busque por ferramentas que tratem diretamente suas dores para deixar a gestão completa”, indica Oliveira.
Manfredi, da Scanntech, afirma que perecíveis precisam ser repostos com maior frequência para evitar perdas. “Já itens de baixo custo, com menor fluxo de venda e longa validade, podem ser armazenados por mais tempo”, explica o executivo. “Cada categoria tem sua própria lógica de consumo, elasticidade de preço e tempo de validade.
Os sistemas atuais precisam ser capazes de tratar o SKU como um organismo vivo, que exige diferentes estratégias conforme seu papel na gôndola”, conta Passos, da Neogrid. Segundo ele, no caso dos perecíveis, além da agilidade no reabastecimento, é fundamental controlar lote, validade e exposição.
Já para itens de alto valor ou baixa rotatividade, o foco é gestão de cobertura e redução de capital imobilizado. Romanetto, da Kikker, acrescenta que, no caso dos produtos sazonais, é preciso ter cuidado para não se exceder. “É altamente recomendado que isso seja monitorado por IA para que o colaborador possa se dedicar ao talento de negociação”, diz.
Formato: o que cada um mais necessita
As ferramentas conseguem se adaptar a cada modelo do varejo alimentar, porém existem alguns padrões.
- Minimercados: agilidade e simplicidade
- Atacarejos: escala e negociação com indústria
- Hipermercados: complexidade de sortimento
Além disso, a mesma bandeira pode ter diferenças conforme a região – algo que a tecnologia também pode prever e auxiliar para aprimorar a gestão.
E a segurança?
Segundo Passos, ela é construída em três camadas: tecnológica, processual e analítica.
Na primeira estão os protocolos de criptografia, autenticação e backups que protegem os dados. Em processos, estão as trilhas de auditoria e segregação de funções que evitam fraudes. No nível analítico, está o próprio sistema, que identifica desvios de padrão — como pedidos fora do comportamento usual, perdas não justificadas ou movimentações incomuns — e gera alertas para ação rápida.
De acordo com Romanetto, a tecnologia baseada na predição de demanda “entende” o comportamento do produto e pode monitorá-lo, além de também perceber ações estranhas e acionar auditoria em tempo real para que o gestor possa verificar.
Oliveira acrescenta que a criptografia, controle de acesso e rastreamento são fatores importantes e enfatiza que os dados coletados não vão para uma rede geral, mas ficam disponíveis somente para o cliente.
Tendências para o futuro
- IA generativa com cada vez mais recomendações personalizadas, tanto por loja quanto por perfil dos consumidores
- Ecossistemas digitais colaborativos entre varejo e indústria, com compartilhamento de dados e decisões conjuntas
- Rastreabilidade via IoT e blockchain, garantindo segurança, origem e qualidade dos produtos — algo cada vez mais valorizado pelos consumidores
- Sistemas híbridos de planejamento de compras e experiência de consumo, com o estoque sendo planejado com base na jornada do cliente
- Continuidade nas fusões entre empresas e consequente concentração e otimização da logística e da compra do estoque
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