Para o varejo, indicadores de saúde financeira não são prioridade e isso pode gerar um grande problema
POR Alessandra Morita
EM 13/12/2024
Adobe Stock
Os indicadores mais associados à saúde financeira são tidos como menos importantes que os de crescimento para os varejistas. É isso o que demonstra um estudo da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), feita em parceria com FGV Eaesp.
A visão dos empresários faz muito sentido, é claro. O setor carrega em sua essência a necessidade de comprar bem e certo, que está intrinsicamente ligada à necessidade de adquirir escala.
Sendo assim, quanto mais gigante a empresa, maior sua capacidade de negociar (seja descontos comerciais, condições financeiras e até mesmo iniciativas exclusivas para o consumidor).
É por isso, e também para proteger sua área de atuação, que as inaugurações pipocam a todo vapor ano após ano no varejo.
De acordo com o estudo da SBVC, que contou com a participação de 25 grandes companhias (15% supermercados), esses são os KPIs mais relevantes, considerando uma nota de 0 a 4 (sendo que 0 é nada importante e 4, mais importante):
Venda (faturamento): 4
Lucratividade: 4
Gestão de despesas: 4
Gestão de caixa: 3,9
Gestão de estoque: 3,8
Endividamento: 3,4
Em negrito, estão os indicadores que podem contribuir positivamente para o fluxo de caixa. E aqui vale um alerta: de acordo com especialistas em gestão, a falta de lucro não “mata” uma empresa, mas a falta de caixa sim.
Não se pode negar que a busca pelo crescimento é uma variável importante no setor, assim como preços competitivos [dentro do posicionamento definido]. Mas é um fato que atualmente muitas empresas estão lidando com a consequência de decisões que impactaram diretamente endividamento e caixa, como a expansão sem estratégia.
Isso acontece de forma independente ao tamanho da varejista. Carrefour, a maior do setor supermercadista, e o Dia fecharam e venderam um grande número de filiais para gerar caixa. Só na última grande movimentação, 8 unidades da companhia francesa foram parar nas mãos do Muffato e do Festval, que adquiriram 4 lojas cada uma.
Estamos quase na porta de 2025 e se não houver um olhar estratégico para as finanças o movimento de fusões e aquisições poderá se intensificar ainda mais no varejo alimentar.
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Alessandra Morita
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