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11/11/2025
Fornecedores atuam para acelerar o resgate da confiança do consumidor nas bebidas destiladas
POR Alessandra Morita
EM 11/11/2025

Imagem: Adobe Stock
Não se pode ignorar a gravidade das contaminações por metanol envolvendo bebidas falsificadas que aconteceram recentemente. Nesse cenário, é compreensível que o consumo tenha freado tanto no foodservice quanto no varejo alimentar, ocasionado por uma crise relacionada à confiança do consumidor em relação a esses produtos.
É o que demonstram algumas pesquisas de mercado. Dados da Scanntech, por exemplo, apontam que entre os dias 5 e 11/10, as vendas de destilados caíram 16,7% em unidades no total Brasil sobre igual período de 2024.
Outro levantamento, feito pela Rock Encantech, identificou queda de 31% no faturamento de alcoólicos e de 35% na quantidade de itens comercializados de 27/09 a 19/10 na comparação com as mesmas semanas do ano passado. Os destilados tiveram queda de 39% em valor e de 37% em volume.
A SA+ conversou com dois dos principais fornecedores desse segmento: a Diageo e a Pernod Ricard. Eles reforçaram alguns cuidados, sugeriram medidas e recomendações sobretudo relacionadas à comunicação.
Cadeia unida
Em comum, as empresas ressaltam a importância da união entre os elos da cadeia a fim de que apenas produtos de procedência segura e conhecida cheguem às gôndolas. “Para garantir uma transformação do setor de forma positiva, temos liderado diversas conversas com o setor e o Governo a fim de tornar a categoria mais segura e atrativa para clientes, consumidores e para a indústria”, diz André Muller, vice-presidente de vendas da Diageo Brasil.
A empresa também ressalta que segue “rigorosos padrões internacionais de qualidade e segurança”. Segundo ela, seus processos são auditados em todas as etapas da produção, assegurando autenticidade e excelência, que caracterizam suas marcas no mundo todo.
O fortalecimento da cadeia com foco em segurança também é um ponto essencial para a Pernod Ricard. “Isso porque a garantia de segurança das bebidas só pode ser feita se todos estiverem unidos nesse sentido”, explica Pedro Lobo, diretor comercial da indústria.
“Da origem ao copo”
A Pernod Ricard lançou uma campanha que comunica quem são seus parceiros homologados entre distribuidores e varejistas. Tratam-se de empresas que se comprometem em adquirir produtos de procedência garantida e a adotar processos alinhados a essa finalidade.
“Nossos distribuidores estabelecem conosco um compromisso de seguir todas a regras de cuidado com os produtos. O mesmo acontece com o varejo, que se compromete com a nossa cadeia, adquirindo somente de distribuidores homologados pela Pernod Ricard”, explica.
O diretor comercial acrescenta: “Essa é a forma que encontramos de ajudar a cadeia, cuidando para que cada um faça a sua parte. Isso porque a garantia de segurança das bebidas só pode ser feita se todos estiverem unidos nesse sentido.”
A lista de distribuidores homologados e de varejistas parceiros está disponível no site da empresa (clique aqui para conferir). A campanha “Da origem ao Copo” conta com divulgação que envolve as marcas da empresa e tem material no varejo físico e no e-commerce. Haverá um selo indicando que o varejista é homologado e um QR Code, que direciona o consumidor para o site da fabricante.
Compra segura
Também com foco no restabelecimento da confiança do consumidor, a Diageo disponibiliza ao pequeno varejo e consumidores acesso à sua base de revendedores homologados. Isso pode ser feito por meio do link “compra segura” e de WhatsApp (veja aqui).
Soma-se a isso materiais de comunicação como gargaleira nos produtos e totem de comunicação, que estão sendo executados nas lojas para reforço da mensagem.
“Caso o varejo não esteja na lista de lojas ou no Whatsapp, é possível consultar o vendedor responsável pelo atendimento para algumas validações de segurança incluídas no processo”, explica Muller.
Retorno da intenção de consumir
A principal pergunta que tem sido feita é quando o consumo começará a se recuperar. Segundo a Diageo, o varejo alimentar é o primeiro canal a apresentar uma retomada da confiança.
Pesquisa da empresa aponta que, apesar da situação atual, 64% dos consumidores afirmam pretender comprar destilados para consumir em casa nos próximos 30 dias. O estudo também indica que 49% pretendem adquirir destilados nas próximas semanas em algum supermercado.
Com o intuito de fortalecer o setor, a Diageo também vem trabalhando a mensagem de confiança nos canais seguros e garantindo um calendário robusto para aproveitar a oportunidade que tende a vir principalmente no final do ano.
“Uma comunicação de confiança via CRM para base de clientes, execução na gôndola sobre a procedência direto da indústria ou de revendedores homologados e visibilidade da categoria são pontos relevantes para garantir a confiança do shopper no momento da compra”, afirma André Muller, o vice-presidente de vendas da Diageo Brasil.
“Aos poucos, as vendas se recuperam. A maioria das lojas físicas de grandes redes, por exemplo, tem registrado aumento”, conclui.
Final de ano e cenário para a frente
A Pernod Ricard lembra que o período de Festas é importante para as bebidas destiladas, que vinham com boa performance antes da crise, puxada pelos itens premium.
“Estamos entrando num período de sazonalidade. É claro que o caso do metanol impactou o negócio, mas já começamos a ver que ele começa a se dissipar”, afirma Lobo. “É preciso tomar cuidado para não olhar apenas a crise sem ter uma visão para a frente”, ressalta.
Como deixou de comprar por receio, a reconstrução da confiança do consumidor passa também por ele entender que o problema é contornado a partir do momento em que há um produto confiável na gôndola. Por essa razão, diz o executivo da Pernod Ricard, é importante dar visibilidade à categoria para reforçar sua presença.
Segundo o diretor comercial da indústria, deve-se ainda estar atento às promoções nesse momento. “Se não há confiança naquele produto, vender mais barato não vai mudar o comportamento do consumidor. O que faz ele voltar a comprar é acreditar que aquela bebida é original”, enfatiza.
Ter cuidado com as informações que vêm sendo veiculadas também é um aspecto importante. De acordo com Pedro Lobo, há notícias que nem sempre são verdadeiras ou que são má interpretadas pelos interlocutores. Um exemplo é o dado de que 30% dos produtos vendidos sejam falsificados, o que, segundo ele, não procede.
“A indústria está trabalhando via associações e com seus distribuidores para desmistificar esses pontos. Devido a todas as medidas que estão sendo tomadas, entendemos que a categoria voltará à sua normalidade”, conclui o executivo da Pernod Ricard.
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