Seu modelo de entrega pode não servir mais
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 08/08/2018
Se você trabalha com comércio eletrônico ou avalia na venda online, saiba que é preciso pensar na velocidade das entregas. É isso mesmo. O avanço tecnológico e o imediatismo das novas gerações estão tornando obsoletas as compras com longos prazos de entrega e pesadas taxas de serviço. E, admitam ou não os outros varejistas, a Amazon – sempre ela – pressiona a todos com seu negócio de entregas rápidas, que inclui cada vez mais categorias de produtos.
A boa notícia é que há modelos viáveis se apresentando para competir nesse novo cenário, e eles dispensam a necessidade de muitas contratações ou de investimentos em grandes operações logísticas. O que muitos varejistas estão fazendo em mercados mais desenvolvidos, como mostra um artigo do Business Insider , é firmar parcerias com startups que os ligam a entregadores via aplicativos de smartphones. E é isso é uma boa saída para varejistas de qualquer segmento.
A Uber, por exemplo, aproveitou seu negócio com milhões de motoristas no mundo todo para lançar o Ubereats, serviço de entrega de refeições que substitui o delivery tradicional de vários restaurantes. Mais recentemente, o Rappi passou a fazer grande sucesso no Brasil, entregando não só comida, mas também produtos de farmácias e supermercados. Criado na Colômbia e expandindo rapidamente pela América Latina desde o ano passado, o aplicativo recebeu aportes de mais de US$ 185 milhões de fundos de investimento recentemente.
As entregas pulverizadas têm seu grande apelo na praticidade levada ao varejista e também ao consumidor. Para o lojista, basta separar os produtos e esperar pelo motorista - o que pode ser mais trabalhoso no caso de supermercados, mas ainda assim é mais simples do que operar toda a entrega e correr o risco de gastar mais de uma viagem caso o cliente não esteja em casa. E, para quem compra, o que pode ser melhor do que não sofrer com o maior problema das aquisições via internet – o tempo de espera para receber o produto?
Essas empresas oferecem recursos importantes para o consumidor, como a possibilidade de agendar entregas e de verificar, em tempo real, onde está o motorista com seu produto. Eles ainda podem optar por receber avisos em SMS e notificações no celular em cada fase do processo. Além disso, a logística tende a ser inteligente, explica o Business Insider. A tecnologia das empresas de entregas busca sempre equacionar a menor distância possível para a viagem do entregador: ele estar no mesmo bairro em que ficam a loja e a casa do cliente final é o melhor cenário possível. Assim, evita-se atrasos por trânsito intenso ou difícil acesso a áreas mais afastadas, por exemplo.
Operação e desafios
Claro que, se fosse tudo simples e perfeito, todos os problemas das entregas estariam resolvidos. A realidade não é assim, e apresenta dificuldades inerentes a um novo modelo de negócio. A oferta de motoristas ainda é pequena e, como os profissionais que fazem a entrega são, a rigor, liberais, geralmente precisam trabalhar para diversas empresas ao mesmo tempo para compor sua renda. Com isso, há a possibilidade de, em alguns momentos, não haver entregador disponível em determinada área.
Além disso, há o custo por entrega, envolvendo startup e entregador, que tende a ser elevado - nos Estados Unidos, por exemplo, o Ubereats cobra das empresas 30% do valor do pedido entregue e não permite que os restaurantes aumentem o valor dos pratos apenas para o seu serviço. E há também um fator de reputação, uma vez que se entrega o serviço de delivery da sua empresa a um desconhecido. Nos primeiros meses de operação, o serviço de entregas da Uber e os restaurantes parceiros sofreram com uma chuva de críticas a respeito de pedidos que nunca eram entregues ou chegavam em péssimas condições.
Mas é fato que, se essas empresas crescem rapidamente, é porque atendem a uma necessidade real. E os millennials, geração dos jovens adultos de hoje em dia, priorizam cada vez mais receber suas encomendas no mesmo dia da compra, aponta o Business Insider, que fornece relatórios de mercado e consultoria a grandes empresas.
Evolução do mercado
Essa necessidade não se restringe a alimentos ou itens de consumo rápido. O Rappi está entregando também produtos temáticos de futebol, artigos de beleza da Sephora, itens de petshop e papelaria, apenas para citar alguns exemplos. Nos Estados Unidos, a startup Deliv faz entregas instantâneas para os clientes do Walmart e da loja de departamentos Macy’s, sejam roupas, cosméticos ou outros produtos.
O crescimento dessas empresas é evidente. O Ubereats já é maior que o serviço tradicional da Uber em várias cidades europeias e norte-americanas. A Deliv expandiu seu serviço recentemente nos Estados Unidos, abrindo uma unidade especializada em medicina, entregando remédios, raios-x e receitas médicas, por exemplo, para médicos, pacientes e laboratórios.
Já a holding alemã de entregas Delivery Hero registrou receita de 544 milhões de euros em 2017, crescendo mais de 60% sobre o ano anterior. No Brasil, o serviço Pedidos Já contribuiu para o bom desempenho da empresa e chamou a atenção da concorrência: com uma base de cerca de 15 mil restaurantes no Brasil, o Pedidos Já foi comprado no início de agosto pelo Ifood, que tem como principal acionista a desenvolvedora de aplicativos Movile, companhia cujo valor de mercado está em quase US$ 1 bilhão.
Futuro das Entregas
Para o futuro, é possível que esse gigantesco mercado que é o serviço de entregas seja ainda mais disruptivo. O relatório do Business Insider aponta a tendência dessas startups apostarem em modos inovadores de entregar produtos, como com a utilização de drones ou de carros autônomos. Uma realidade distante, ainda mais para o varejo brasileiro, mas que evidencia o problema enfrentado por todo varejista com a questão logística.