Foto: Divulgação

Investidores e analistas vêm buscando entender quais serão os próximos passos do  GPA, e do seu controlador, o Casino, no processo de venda de ativos e destravamento de valor dos negócios do grupo francês. Entre as possibilidades que estão sendo cogitadas, está a saída de Abilio Diniz da sociedade no Carrefour, de maneira a se desvincular e estar livre para a compra do GPA, o que pode ocorrer também com a entrada de fundos na negociação.

[noticiasRelacionadas]

Houve ainda nos últimos dias rumores de que haveria uma possível negociação da operação do Casino na França para o Carrefour global. Porém, em comunicado, o GPA disse que "não tem conhecimento de informações acerca de decisão de venda da companhia pelo Casino e nem da possibilidade de uma oferta de um terceiro pela companhia e que tais informações se tratam de meras especulações de mercado”.

Desde 2018 vêm ocorrendo conversas entre representantes das partes. Casino, Carrefour, Auchan, Couche-Tard, Aldi e outras varejistas globais já mantiveram contatos, de forma não conjunta, para algum modelo de associação. Bancos e assessores financeiros interessados num acordo vêm buscando, há anos, alternativas de transação.

De acordo com fontes, hoje o ambiente está mais cordial entre os sócios de Casino e Carrefour, e a concorrência mais acirrada no varejo da Europa. E apesar de ser um processo que dependeria de muitas etapas para avançar, parte do movimento pode ter começado.

Outras fontes avaliam que o objetivo é dividir os ativos do Casino em quatro áreas principais, com possibilidade de negociá-las, ou buscar outro rumo para esses negócios em bolsas locais, separadamente. São elas: França, Brasil, Grupo Éxito (Colômbia, Uruguai e Argentina) e o braço digital (Cnova). Foi exatamente isso que o Casino fez na América Latina, numa reorganização que levou à venda do Éxito ao GPA em 2019.

Para o mercado francês, a movimentação vem sendo vista como um pontapé para Jean-Charles Naouri, CEO do Casino, avançar na venda do braço do grupo na França ao Carrefour — a depender de um entendimento com Alexandre Bompard, o CEO do Carrefour - e fechar outro acordo com Abilio envolvendo o GPA. Abilio se tornou sócio do Carrefour global e da operação brasileira após a transferência do controle do Pão de Açúcar ao Casino, dez anos atrás.

Uma movimentação deve passar pela figura de Bompard, que teria ganhado força maior no Carrefour nos últimos anos, após a saída do empresário Bernard Arnault do conselho e com a família Moulin podendo rever seus investimentos na França após a pandemia. Neste momento, não há uma negociação em andamento entre Carrefour e Casino, mas houve uma aproximação entre Naouri e representantes do Carrefour de um ano para cá.

Considerando essa estratégia, Bompard continuaria no comando na França, mas numa operação bem maior, algo que seria um desejo antigo dele. Paralelamente, Abilio sairia do Carrefour global, num movimento que estaria sendo pensado também por outras razões.

Abilio tinha a ambição de fazer mais mudanças no Carrefour e implementar outro ritmo, o que até avançou desde a sua chegada na rede, no fim de 2014, mas ainda esbarra numa estrutura de tomada de decisões lenta e visões diferentes sobre certos temas. Segundo uma fonte, a saída de Abilio de sua posição no Carrefour está sendo considerada, caso uma fusão da rede com o GPA levasse a alguma dificuldade frente ao Cade, órgão antitruste. Fora do Carrefour, ele retornaria ao GPA. No discurso aos mais próximos, Abilio vem dizendo que mantém foco total no Carrefour.

A dúvida é até que ponto um acordo com Abilio envolveria a rede de atacarejo brasileira  Assaí. Segundo fontes, Naouri até aceita negociar a França, mas quer manter Assaí, porque vê potencial da cadeia ser muito maior do que é (maior até que GPA no passado), e poderia se desfazer do negócio em outro patamar de preço. No atual ritmo de expansão, o Assaí pode se tornar maior que o braço do Casino França até 2025.

Quer ter acesso a mais conteúdo exclusivo da SA Varejo? Então nos siga nas redes sociais:                                                                                             LinkedIn                                                                                             ,                                                                                             Instagram                                                                                             e                                                                                              Facebook