Mercados de bairro ganham preferência do consumidor, mas precisam ampliar investimentos em tecnologias digitais
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 18/10/2022
Os mercados de bairro ganharam relevância durante a pandemia e o consumidor pretende manter o novo hábito de consumo. A pesquisa Ditalizando o Pequeno Varejo 2022, realizada pela gestora global de venture capital Flourish Ventures, mostra que no Brasil 92% dos consumidores entrevistados planejam manter ou aumentar as compras em mercearias – durante a pandemia, 80% dos clientes compraram a maior parte de seus mantimentos no pequeno varejo. Além disso, 46% dos consumidores frequentam o mercado de seu bairro diariamente.
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O levantamento mostra ainda que o pequeno varejo precisa agilizar a adoção de tecnologias digitais para permanecer relevante e competitivo, dando continuidade ao movimento de digitalização iniciado na pandemia. A pesquisa mostra que 65% dos lojistas brasileiros usam aplicativos de mensagem para se comunicar com fornecedores ou consumidores, e 38% usam aplicativos e websites para comprar estoque. Para os próximos 12 a 24 meses, 35% dos lojistas informaram que pretendem aumentar o uso de ferramentas digitais para vendas online, comunicação e delivery.
O investimento em inovação digital deve refletir em aumento de lucros em 60% a 100%, segundo a Flourish. Porém, há um atraso na implementação devido à outras tarefas empresariais urgentes, preocupações com segurança de dados, falta de familiaridade e limitações de acesso.
De acordo com Arjuna Costa, sócio da Flourish Ventures, mercados de bairro estão no centro da comunidade e, por isso, têm grande potencial. “O dono conhece o cliente pelo nome e o estabelecimento e, frequentemente, tem o que o cliente precisa. É impossível para os grandes varejistas entregar esse padrão de atendimento ao consumidor com o mesmo nível de contato e intensidade de relacionamento", avalia.
“Conforme o ecossistema digital do pequeno varejo amadurecer, plataformas tecnológicas se tornarão fornecedoras confiáveis de serviços. Para servir a este mercado, empreendedores devem determinar qual o ponto crítico imediato a ser resolvido, como monetização, e quando estabelecer parcerias em vez de construir tecnologias”, afirma Costa.
O executivo ressalta ainda que é preciso criar um processo de incorporação fluido e confiável, dado que os lojistas estão relutantes em investir tempo e dinheiro em soluções até que possam enxergar seu valor tangível.
Para Diana Narváez, representante da Flourish na América Latina, ainda há vários espaços para a inovação no segmento. “Existe demanda de diferentes serviços, desde a gestão do estoque até métodos de pagamento e delivery. É uma grande oportunidade para as fintechs”, diz.
Países emergentes
A pesquisa Flourish Ventures também analisou o desempenho de mercearias no Egito, Índia e Indonésia. Ao todo, foram 1.600 entrevistados, sendo 800 lojistas e 800 consumidores. O estudo global foi feito em parceria com a Bain & Company e a 60 Decibels e, no Brasil, contou com a participação da Mercê do Bairro.
A procura crescente por serviços e compras no pequeno varejo e a necessidade de digitalização desses estabelecimentos foram tendências identificadas em todos os locais analisados, que se enquadram na categoria de países emergentes.
De todos os consumidores entrevistados, 94% planejam continuar comprando ou comprar ainda mais nos pequenos mercados, enquanto 80% dos lojistas do setor buscam melhores ferramentas financeiras digitais.
Os dados dos quatro países revelam ainda que:
- 50% dos consumidores frequentam o pequeno varejo de seu bairro diariamente e 24% utilizam regularmente uma conta na loja para a realização de compras a crédito;
- 71% dos consumidores compraram mais mantimentos no pequeno varejo durante os lockdowns decorrentes da covid-19;
- 73% dos consumidores concordam plenamente que o pequeno varejo é vital para sua comunidade, valorizando a proximidade, a conveniência e o serviço.
Quando se trata de aprimoramento tecnológico, a pesquisa apontou que, em todos esses países, 55% dos lojistas usam aplicativos de mensagem em seus negócios e 75% planejam aumentar seu uso nos próximos 12 a 24 meses.
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