Manter o lucro tem sido sofrido para os varejistas
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 08/08/2018
O lucro líquido do varejo alimentar apresentou ligeiro crescimento de 0,09 ponto percentual (pp) no ano passado, alcançando 1,94% do faturamento, que foi de R$ 458,9 bilhões, segundo pesquisa da SA Varejo . Mas manter o patamar histórico (em torno de 2%) não foi fácil. O setor enfrentou queda na margem bruta, de 1,76 pp, alcançando 26,49%. O recuo foi compensado sobretudo pela aposta em formatos de grande volume, como o atacarejo, entre outros fatores. Neste ano, a tendência é de fechar com rentabilidade alinhada à do ano passado.
Um dos fatores que levaram à queda da margem foi a deflação dos alimentos em 2017. “Ela mudou o ponto de equilíbrio em termos de volume de vendas”, lembra Frederico Perdigão, sócio consultor do Instituto Aquila. “Se antes bastava vender 100 sacos de arroz, foi necessário vender 110”, exemplifica. Ele lembra que, em 2018, a perspectiva é de recuperação nos preços. A retração na margem também foi influenciada pela própria indústria, que enfrentou o recuo nas vendas com packs promocionais e outros tipos de oferta.
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O que compensou essa queda foi o atacarejo. Graças ao aumento do faturamento em 2017 – de 11,7% real, contra a média de 3,6% do setor –, o lucro líquido do formato subiu de 2,06% em 2016 para 2,35% no ano passado. Foi o único modelo de loja a apresentar crescimento no indicador: os super e hipermercados tiveram retração de 0,25 pp e 0,04 pp, respectivamente. Também pesa a favor da lucratividade do cash & carry o fato de trabalhar com lojas espartanas e ter baixo custo operacional. Daqui para a frente, entretanto, acredita-se que o aumento de vendas no segmento desacelere. “Em mesmas lojas, já não está sendo mais o fenômeno dos anos anteriores”, alerta Jorge Inafuco, sócio-diretor do OasisLab Innovation Space. Já Alex Hamassaki, diretor da Accenture Strategy , acredita que ainda há espaço para o atacarejo ganhar terreno em relação a outros formatos. Ele alerta, no entanto, que as recém-surgidas lojas que agregam ao atacarejo serviços ao consumidor correm risco de elevar custos, o que inviabiliza o cash & carry.
Lucro maior dependerá de arrumar a casa
Apesar de ser um ano complicado para previsões, Jorge Inafuco, do
OasisLab Innovation Space
, vê o cenário de 2018 um pouco semelhante ao do ano passado. Por isso, é importante lembrar que sempre há iniciativas que a própria empresa pode tomar para melhorar os resultados. Eficiência na precificação, por exemplo, é fundamental para melhorar margens, conforme ressalta Frederico Perdigão, do
Instituto Aquila
. Já em termos de lucro líquido, ele lembra que as boas notícias chegarão para quem arrumar a casa, ou seja, melhorar processos, aprimorar a gestão de custos, entre outras iniciativas