Grupo Dia vai vender todas as suas operações no Brasil
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 31/05/2024
O Grupo Dia acaba de fechar um acordo com a MAM Asset Management, que faz parte do Banco Master, para a venda de 100% do capital da empresa no Brasil, que, consequentemente, leva ao desinvestimento total por parte do grupo no país.
Essa operação servirá para que o varejista foque em seus mercados mais rentáveis – Espanha e Argentina, onde alcançou uma posição relevante por meio da estratégia centrada no varejo de proximidade.
O documento ainda relata que, desde sua chegada ao Brasil em 2001, o Grupo realizou investimentos que “não trouxeram o retorno esperado". Assim, o varejista irá realizar um aporte em benefício de suas operações em território nacional no valor de EUR 39 milhões.
Segundo o anunciado, a efetivação da operação está condicionada à obtenção da autorização das entidades financeiras do sindicato de bancos.
Relembre-se
Em 2023 o Dia registrou um prejuízo de EUR 154 milhões no Brasil – um aumento de aproximadamente EUR 82 milhões em relação a 2022. A companhia também apresentou queda de 12% nas vendas de mesmas lojas e encerrou 18 PDVs.
Na época, Martín Tolcachir, CEO global do Dia, contou que a companhia estava passando por um processo de “reposicionamento do core” para fechar operações em andamento.
Representantes do Grupo também afirmaram que as operações no Brasil sofreram com uma “deterioração nos resultados financeiros, afetados pelo contexto de mercado altamente competitivo, o que levou a iniciativas promocionais”.
Além do prejuízo dobrado, a rede também teve fluxo de caixa negativo e vem sentindo o impacto da concorrência com os atacarejos.
Em novembro do último ano, o varejista também contratou a Lazard, assessoria financeira para buscar um novo investidor em suas operações no Brasil, pois o negócio em território nacional foi considerado “deficitário e com baixo resultado”.
Já neste ano, a empresa encerrou 343 de suas 587 lojas , e três CDs no Brasil, permanecendo com unidades somente em São Paulo, para tentar trazer maior estabilidade à sua operação enquanto aguardava a definição de novas decisões estratégicas.
Após isso, no dia 21 de março, o varejista protocolou um pedido de recuperação judicial com o objetivo de superar a sua situação financeira no país.
Ao todo, a empresa possui uma dívida acumulada de R$ 1,1 bilhão, dos quais cerca de R$ 986,5 milhões são débitos sem garantia com fornecedores.
No primeiro trimestre deste ano, a empresa ainda registrou queda de 10,4% no faturamento e de 11,7% na receita bruta das lojas no Brasil.
Nos últimos anos, outras redes estrangeiras também deixaram o Brasil, como é o caso do Makro, Walmart e Casino com sua participação no GPA. Essa desglobalização no comércio varejista físico se dá principalmente pela dificuldade de adaptação das redes estrangeiras e o cenário competitivo cada vez mais acirrado.