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26/12/2025
Confira os Top 10 fatores que marcaram o varejo alimentar em 2025
POR Barbara Fernandes
EM 26/12/2025

Foto: Adobe Stock
Este ano consolidou tendências que vinham se intensificando desde a pandemia, ao mesmo tempo em que a inflação elevada pressionou o orçamento do shopper, reduziu o volume de compras, moldando as ecolhas e exigiu novas estratégias para sustentar o consumo. Nesse cenário, os varejistas regionais seguiram como os principais motores do setor, registrando alta de 7,3% em mesmas lojas nos primeiros 9 meses do ano. Já os grandes grupos, como Assaí, Grupo Mateus e GPA, ficaram abaixo de 5% na média, segundo levantamento da próxima edição do estudo Varejo Alimentar em Contexto, com divulgação prevista para janeiro de 2026. Relembre a seguir os 10 fatores que marcaram o varejo alimentar brasileiro em 2025.
Inflação alta
O 1º semestre foi marcado por questões climáticas que elevaram o IPCA de alimentos a 8% em maio. No 2º semestre, houve desaceleração, em especial em outubro, quando a inflação de alimentos em 12 meses recuou para 6,3%, patamar que se manteve nos meses seguintes. A cesta de Natal, por exemplo, registrou alta de 4,5%, percentual inferior ao do ano anterior.
Ainda assim, no acumulado do ano, a inflação avançou e influenciou diretamente a elevação da taxa Selic, que chegou a 15%. O efeito no consumo foi direto, com o shopper levando menos itens para casa pelo mesmo valor.
Queda no volume de vendas
Enquanto o faturamento continuou crescendo mês a mês, o volume por unidade apresentou uma queda constante influenciada principalmente pela alta de preços. Pesquisa realizada pelo Ipsos-Ipec para o C6 Bank indicou que cerca de 7 em cada 10 consumidores deixaram de levar ao menos um item para casa, e aproximadamente 44% migraram para marcas de menor valor.
Cerca de 35% reduziram a quantidade de café e 24% deixaram o iogurte fora da lista. O movimento também chegou às carnes: 35% substituíram a bovina de primeira por cortes de segunda, suínos ou frango.
Em contrapartida ao movimento geral, algumas categorias vêm apresentando aumento no volume de vendas, demonstrando que o consumidor está mais seletivo em suas escolhas. Ou seja, ele reduz quantidade nos produtos, segmentos e marcas em que não vê benefícios e eleva naquelas em que enxerga diferenciais importantes para ele. É o caso das cervejas sem álcool e dos alimentos proteícos que vamos explorar mais a frente.
Expansão de marcas próprias
Diante de um ambiente mais desafiador, o impulso às marcas próprias ganhou força como estratégia do setor. Além de oferecerem preços mais competitivos, esses produtos contribuem para a fidelização dos clientes. Segundo a NielsenIQ, as marcas próprias movimentaram R$ 6,3 bilhões até meados de agosto, considerando também as farmácias. Os atacarejos lideraram o avanço, com alta de 23,6%, seguidos pelos supermercados regionais, com 20,1%.
Saudabilidade
Outra tendência que ajudou a mitigar a queda no volume de vendas foi o aumento do interesse por produtos ligados à saudabilidade. Isso inclui desde orgânicos, como FLV, até itens restritivos, como sem glúten, sem lactose, zero açúcar ou zero álcool. Mais recentemente, também passaram a ganhar espaço os suplementos, como creatina, vitaminas e produtos proteicos.
Dados da Euromonitor International indicam que o mercado de alimentos saudáveis, orgânicos e funcionais já supera R$ 15 bilhões por ano no Brasil. No cenário global, a expectativa é que alcance US$ 1 trilhão até 2026.
Proteína
Dentro do universo da saudabilidade, a proteína foi a categoria de maior destaque. Ela aparece em diferentes formatos, desde bebidas como leite, vitaminas e até água, e se estende a alimentos prontos congelados, resfriados e itens de mercearia.
Segundo a Scanntech, o whey protein registrou alta de 124% em volume em outubro deste ano. Já o iogurte e o leite proteico cresceram 16% e 14%, respectivamente. A Euromonitor aponta que o segmento movimenta R$ 2,1 bilhões no país e pode alcançar R$ 3,1 bilhões até 2028.
Praticidade
Ao lado da saudabilidade, a praticidade orientou a escolha por produtos que facilitam a rotina e estimularam a substituição de refeições por lanches rápidos. Nesse grupo estão alimentos preparados na airfryer, sem adição de óleo, além de snacks, especialmente aqueles que combinam conveniência com algum benefício à saúde.
Canetas emagrecedoras
A “febre” dos GLP-1 (Ozempic e Monjuaro) surtiu efeitos diretos na alimentação e, como aponta a Rock Encantech, tem redefinido o consumo do país. Apesar de a patente ainda não estar liberada e o uso se concentrar nas classes AB, esses produtos influenciaram a busca por alimentos mais densos nutricionalmente e a redução das porções.
Pesquisa da SC Johnson College of Business identificou queda média de 5% a 6% nos gastos com supermercado entre usuários desses medicamentos, com impacto mais acentuado em ultraprocessados, como chips, que registraram retração de 10%.
Inteligência Artificial
No campo da tecnologia, a principal pauta foi a integração da inteligência artificial aos processos do varejo, tanto operacionais e logísticos quanto em campanhas de marketing. Dados da Apas indicam que 80% das empresas do setor no estado de São Paulo já utilizam algum tipo de solução baseada nessa tecnologia.
Com o avanço da adoção, cresce também a maturidade. O setor passou a compreender que a tecnologia, por si só, não resolve todos os desafios, sendo necessário investir em dados e em equipes preparadas para operar no ritmo da cultura e da evolução tecnológica das empresas.
Dificuldades na contratação e retenção de talentos
Em julho, o varejo alimentar contabilizava mais de 350.000 vagas em aberto. O segmento perdeu atratividade frente a atividades mais flexíveis e informais, além dos impactos das discussões sobre o fim da escala 6x1. Por isso, diferentes estratégias foram adotadas para preencher e reter o quadro de colaboradores. Alguns exemplos foram: vagas intermitentes, implementação da escala 5x2, premiações e sorteios internos, além da melhoria de benefícios como plano de saúde e seguro de vida.
Parceria com last mile
Outro fator relevante do ano foi a expansão das parcerias entre empresas do setor e plataformas de last mile, como iFood e Rappi. Esse canal ampliou o alcance dos negócios e contribuiu para o aumento das vendas. No início do ano, o iFood já reunia cerca de 70.000 estabelecimentos cadastrados e estava presente em 890 cidades, reforçando o peso desse modelo na dinâmica do varejo alimentar.
Ao reunir esses movimentos, 2025 se consolida como um ano de ajustes estruturais no varejo alimentar, no qual eficiência, adaptação ao novo comportamento do shopper e capacidade de leitura de cada região e público foram essenciais para sustentar crescimento e competitividade.
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Barbara Fernandes
Repórter








