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O Assaí Atacadista reuniu a imprensa ontem (18) e antecipou os principais destaques do Investor Day. Desde o avanço da empresa ao longo de 2025, expansão do phygital, novas avenidas de crescimento até os impactos do cenário econômico atual. Confira a seguir:

 

Saúde como vetor de crescimento

 

Um dos principais anúncios foi a frente do “Mundo Saúde”, que concentrará o desenvolvimento de iniciativas relacionadas à saúde e bem-estar. O primeiro projeto será a criação de farmácias, inicialmente localizadas nas galerias de unidades selecionadas e, caso o projeto de lei 2.158/2023 (que autoriza a venda de medicamentos em supermercados mediante estrutura e farmacêuticos exclusivos) seja aprovado, poderá expandir essas farmácias para a área interna das lojas.

 

A principal vantagem é que 40% das despesas que a farmácia tem, a empresa consegue evitar, pois já tem os custos em loja (aluguel, segurança, limpeza, energia e IPTU). Além dos medicamentos, as vendas das categorias de higiene pessoal são afetadas no varejo alimentar pelas farmácias – que poderia ser recuperada com adição da farmácia na loja. A oportunidade também reside no tamanho do mercado no Brasil, com cerca de R$ 200 bi de faturamento. 

 

A Costco, varejo do EUA, por exemplo, fatura cerca de US$ 10 bi por ano só com os produtos farmacêuticos. “Se você quer saber um pouco de como vamos seguir, é só olhar para o que a Costco fez nos EUA, guardado as devidas proporções”, conta Belmiro Gomes, CEO do Assaí. “O objetivo de colocar a farmácia está muito mais ligado a ter uma categoria de atração. E com a redução de despesas consigo reverter o custo em preço para o consumidor.”

 

Há interesse também por parte da empresa de entrar com mais força no mercado de suplementos, adicionando ao mix vitaminas e creatina. 

 

Cenário desafiador

 

“Por estar em 25 estados, atendendo todas as classes sociais e ainda uma gama gigantesca de micro e pequenos empreendedores, conseguimos sentir rapidamente os impactos do ponto de vista econômico”, explica Belmiro. Atualmente, 30 milhões de brasileiros estão inadimplentes e 72% tiveram queda no poder de compra. Os juros altos acentuam ainda mais a situação. “Talvez o que esteja faltando, até para o próprio Banco Central, é olhar que o juros hoje está sendo impulsionador da nossa desigualdade social.”

 

Apesar de momentos de crise como esse não serem raros no Brasil, o CEO destaca fatores que diferenciam o período atual dos demais. A falta de mão de obra é um deles. “Normalmente, esse fenômeno vem acompanhado de uma alta no poder de compra que levava as pessoas a não querer trabalhar no varejo. Mas agora temos queda em ambos.” 

 

Além disso, o consumo está sendo impactado negativamente pelo alto nível de endividamento e as bets, ou apostas online. “As apostas esportivas vão bater R$ 360 bi neste ano. O mercado alimentício é de cerca R$ 1,2 tri. Então estamos falando que 30% do que poderia ser gasto em alimentos é o que está sendo apostado.” O presidente ainda complementa que sem uma regulação da propaganda e o incentivo por meio das redes sociais, o impacto está sendo ainda maior do que práticas como o Jogo do Bicho, principalmente no Norte e Nordeste.

 

Belmiro também mencionou os medicamentos GLP-1, como Ozempic ou Monjuaro, que impactam especialmente as categorias de cerveja e carboidratos.”Com a quebra de patente, o medicamento deve avançar muito nos próximos anos e surtirá efeitos na indústria de alimentos.”

 

Por fim, Belmiro resume: “o cenário macro é desafiador, com juros, inflação e instabilidade nos próximos anos, mas a Companhia mantém como foco a desalavancagem.”

O executivo também comenta, que, caso o cenário melhore, principalmente em relação aos juros, há interesse em explorar outros formatos de loja como o atacadista distribuidor e o supermercado, até mesmo de proximidade.

Lançamento da marca própria 

 

Ainda no 1º trimestre de 2026, o Assaí irá lançar sua marca própria, que vai levar o nome do atacarejo e beneficiar tanto os consumidores PF quanto os PJ. Os itens vão abranger diferentes categorias com alto giro e penetração e terão preço cerca de 20% mais barato e qualidade similar à marca líder. “Não vamos entrar em todas as categorias, não queremos fechar um ‘álbum de figurinha’, se entendermos que não vamos conseguir agregar um preço atrativo, não vamos seguir”, adiantou o CEO.

 

Os principais objetivos são desenvolver produtos com melhor custo-benefício, intensificar a competição com as marcas líderes, melhorar a margem e fidelizar os consumidores. A vontade de implementar a marca própria agora advém da continuidade dos movimentos de trade-down, forte presença do Assaí em mercados estratégicos e fortalecimento da marca Assaí. 

 

“Há uma segunda marca, a Chef, que nós já temos hoje e vai ficar voltada para o Food Service, mas agora levará também o nome Assaí”, também citou Belmiro.

 

Assaí vai reduzir em cerca de 42% os investimentos em 2026 

 

Alinhado à estratégia de desalavancagem, a empresa irá diminuir em 41,6% seus investimentos em 2026. Para efeito de comparação, foram investidos cerca de R$ 1,2 bi em 2025, e em 2026 serão cerca de R$ 700 milhões. A principal área impactada por isso será a expansão. Desde 2024, a empresa vem desacelerando seu ritmo de abertura de lojas. Em 2026, a expectativa é de 10 inaugurações, principalmente na Grande São Paulo, o que deve levar um aporte de R$ 300 milhões. 

Tecnologia 

 

O maior storage de dados da América Latina

 

As vendas com a parceria do iFood subiram 260% no 3T25 vs 3T24. O aplicativo Meu Assaí apresentou aumento na frequência 44% e maior gasto médio 28%. As vendas identificadas já correspondem a 46% do faturamento.

 

“Há um investimento maior em phygital. Temos hoje um CRM com mais de 21 milhões de clientes cadastrados. Nosso storage de dados é o maior da América Latina.”

“Nosso objetivo é fortalecer ainda mais as parcerias com os last mile, especialmente com o iFood, e uma série de evoluções no processo de picking e qualidade de serviço. Também está no nosso radar talvez uma entrada em algum marketplace, principalmente por causa de um novo projeto que vem pela frente”, adianta Belmiro.

 

Retail Media

 

Em relação aos investimentos nessa frente, a empresa pretende cada vez mais é trazer anúncios de não fornecedores.

 

Assaí já usa IA para o sortimento, pricing e negociação

 

O novo sistema comercial com IA do Assaí auxilia a empresa na ponta, com ganhos em eficiência, agilidade e competitividade. Entenda 3 frentes onde a IA já está sendo aplicada pelo varejista:

 

• Sortimento – Recomendação por produto em loja de acordo com a estratégia comercial
• Pricing e promoção – Estratégia regionalizada e centralização de dados
• Negociação – Oportunidades para negociação regional e nacional

 

Cada loja é única

 

O Assaí entende a diversidade do Brasil e como distâncias, mesmo que curtas, mudam o perfil de consumo. Como exemplo, a empresa apresentou duas lojas localizadas na Grande São Paulo, uma em Congonhas e a outra em Teotônio Vilela. Na comparação com categorias semelhantes, a loja próxima ao aeroporto vende mais as marcas líderes dos segmentos, como Leite Condensado Moça e Coca-Cola Zero. Já a loja próxima ao Grajaú tem o Dolly como refrigerante mais vendido, o leite condensado, Italac. 

 

“A renda familiar em uma região pode ser R$ 21.000, já em outra há poucos quilômetros pode ser R$ 4.000 Essa é a realidade do Brasil. Sempre tivemos expertise para atender o público da classe C. A novidade que vem nos últimos anos é uma melhoria na experiência das compras”, disse Belmiro. “Nossa despesa é a mesma, só com variações no aluguel. Mas hoje as lojas oferecem ar-condicionado, iluminação diferenciada, estacionamento, o self-checkout, serviços como açougue, padaria e frios.”

 

O tamanho das lojas também varia, podendo alcançar cerca de 1.500 m² até cerca de 10.000 m². “Nossa loja no bairro Santa Catarina, em São Paulo, tem 2.100 m², e foi implantada antes mesmo da conversão do Extra. Atualmente ela é umas maiores em vendas por m²”