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12/06/2025
Decisões com base em dados deixaram de ser um diferencial e hoje são peça-chave para resultados sólidos
POR Bárbara Fernandes
EM 03/06/2025

Fotos: Divulgação
Aumento de sell out, precificação, otimização de sortimento, gerenciamento por categorias e redução de rupturas. Essas são algumas frentes que, com o uso estratégico de dados, podem trazer ganhos significativos.
Esses benefícios se estendem também aos fornecedores, promovendo relações mais eficientes entre as partes ao deixar de lado os famosos “achismos”. Nesta matéria, a SA+ aborda as mudanças que o uso de informações geradas pelo próprio negócio e cruzadas com dados de mercado têm provocado nas empresas.
A favor do negócio
Saiba como as principais empresas fornecedoras de soluções veem essa nova etapa dos negócios a partir da disseminação do uso de dados:
Maria Cabral Barbaro (CEO da Mtrix):
“Em nosso dia a dia, não tomamos quase nenhuma decisão sem utilizar dados. Quando saímos de casa, por exemplo, e queremos saber qual caminho será mais rápido, estamos consumindo dados para tomar decisão. Essa lógica também se aplica às empresas, especialmente em um setor tão competitivo como o alimentar, composto por uma cadeia com players variados, que vão da indústria ao consumidor, passando por distribuidores/ atacadistas e varejistas".
"Por isso, ineficiências operacionais ou na estratégia representam milhares de reais. Por meio do uso de dados é possível entender onde elas estão e corrigir rotas. Importante ressaltar que, em se tratando de um mercado tão competitivo e dinâmico, estamos falando do uso de dados atualizados. Isso porque se basear em informações equivocadas ou atrasadas configura-se um tiro no pé. Imagine o quanto é poderoso conseguir analisar no detalhe o comportamento de compra do consumidor, entendendo o que ele gosta e compra. Quando isso acontece, toda a cadeia passa a ser impactada. O uso de dados transforma informações em insights valiosos que orientam decisões mais precisas, eficientes e alinhadas às necessidades do mercado.”
Leandro Jardim (Líder da Geofusion dentro da Cortex):
“Estamos entrando em uma nova era de inteligência artificial e agentes autônomos, em que dados se tornam ainda mais críticos. Eles são o insumo essencial para modelos avançados de automação, predição e prescrição, que permitem não apenas responder ao comportamento do consumidor, mas antecipá-lo. Essa transformação tecnológica pode gerar saltos de escala em processos antes manuais, como sortimento, definição de pontos e até previsões de faturamento, ampliando a margem competitiva das empresas que adotam esses recursos."
"Trabalho com inteligência geográfica já há alguns anos e posso dizer que o crescimento e o retorno esperado são consequência direta da habilidade de traduzir dados em decisões práticas — quando saímos do dado bruto e chegamos a respostas estratégicas, como ‘vale a pena ou não investir aqui’ ou ‘quanto terei de retorno com uma unidade neste local?’. No fim das contas, a grande contribuição dos dados nesse setor é reduzir o risco e aumentar a segurança de decisões estratégicas e táticas importantes".
Domenico Tremaroli Filho (Diretor da vertical de retail da NielsenlQ):
“Nos dias de hoje é praticamente impossível imaginar decisões tomadas sem o uso de dados, que alcancem resultados esperados dentro de um plano estratégico. Isso porque o mercado de consumo é dinâmico, e o cenário macroeconômico brasileiro provoca ou intensifica mudanças de hábitos."
"Imagine uma situação hipotética em que o Varejo do seu João conhece uma consumidora igualmente fictícia, a dona Maria. O gerente acompanha a cliente durante as compras, entende sua frequência, os tamanhos de embalagens e fragrâncias adquiridas por ela, por exemplo de amaciante. Entretanto, a consumidora, diante do fato de o marido ter ficado desempregado, está comprando mais pela internet a fim de aproveitar as campanhas de preço e indo menos à loja física. Ela também passou a visitar mais o atacarejo, onde encontra embalagens econômicas. Nesse cenário, o Varejo do seu João passou a ser visitado pela cliente para compras de reposição. O gerente de loja, desacostumado a pautar suas decisões em dados, não atentou a essa mudança de hábito. Por conta disso, deixou de oferecer à consumidora uma melhor experiência, com embalagens menores e ações promocionais que poderiam ter maior aderência diante do que a dona Maria passou a buscar."
"O fato é que existem milhões de consumidoras como ela, e entender os seus comportamentos de compra é fundamental para se obter sucesso no varejo. Os dados são o caminho mais curto para esse entendimento.”
Bruno Fava, head de marketing do Weduu:
“O modelo atual de transmissão de dados de sell out não gera valor, de fato. Precisamos evoluir para um cenário de maior colaboração entre varejo e indústria, pois só assim conseguimos trabalhar juntos por um objetivo comum: fazer o produto girar na gôndola. Hoje, o dado é enviado para a indústria, que faz a análise de forma isolada. O que realmente faria diferença é o varejo ter domínio sobre seus próprios dados, mas com um olhar colaborativo, compartilhando uma visão única com a indústria."
"Isso muda completamente o jogo na hora de tomar decisões mais estratégicas e baseadas em dados concretos. O ponto-chave para mudar o mindset está em transformar a forma como o varejo enxerga a colaboração com o fornecedor. Existem muitos objetivos em comum, e quando os dados são usados de forma conjunta, conseguimos melhorar muito a performance dos produtos na gôndola — seja com sortimento mais assertivo, precificação mais eficiente ou melhor reposição."
"O varejo também precisa entender que ele é o principal gerador desses dados, e que isso tem um valor enorme para toda a cadeia de suprimento. Esse insumo ainda é pouco explorado e monetizado pelo setor. Quando o varejo passa a ver os dados como ativos estratégicos e se abre para essa troca com a indústria, cria-se um caminho mais colaborativo, produtivo e, acima de tudo, mais inteligente."
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