28/11/2025
Grupo Mateus contrata nova auditoria para solucionar problema de R$ 1 bi no estoque
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 28/11/2025

Foto: Divulgação
O Grupo Mateus contratou uma nova auditoria independente para atuar paralelamente à Forvis Mazars a partir de janeiro, após identificar R$ 1,1 bilhão em erros na contabilização de estoques. Os ajustes provocaram revisão em diferentes linhas do balanço, reduzindo a reserva de retenção de lucros em 84%, de R$ 824 milhões para R$ 130 milhões.
Desde a publicação das demonstrações financeiras de 2024, executivos vêm participando de teleconferências com minoritários e analistas para esclarecer impactos e dúvidas sobre o processo. A ação acumula queda de 19% em sete pregões desde a divulgação do balanço.
Entre os questionamentos pendentes, o mercado quer entender por que a varejista não contratou uma das auditorias do grupo conhecido como Big Four logo após a saída da Grant Thornton, no fim de 2024. A companhia não comentou o assunto. A Grant Thornton, que atuou entre 2020 e 2024, já havia apontado 42 deficiências moderadas nos controles internos, inclusive no processo de estoques.
Em conversas com analistas, a administração mencionou que a nova auditoria será uma das grandes firmas do setor, sem revelar o nome. A empresa tem dito a interlocutores que o trabalho não está ligado à necessidade de novas investigações internas, alegando que os erros já foram reconhecidos no balanço.
O mercado tenta dimensionar o risco de novos ajustes e compreender diferenças nas baixas de estoque e inventários, que, segundo documentos da empresa, vinham sendo realizados de forma irregular.
O balanço do 3º trimestre, divulgado em 13 de novembro, mencionou falhas no cálculo do custo médio das mercadorias vendidas (CPV), que inflaram o valor dos estoques — corrigidos de R$ 6 bilhões para R$ 4,9 bilhões. O patrimônio líquido recuou quase R$ 695 milhões em relação ao valor previamente divulgado, para R$ 9,1 bilhões.
A empresa implantou em 2024 um sistema de rastreabilidade para melhorar o controle de entrada e saída de produtos. Parte dos erros envolvia reconhecimento de custos menores do que os efetivos, o que elevou o lucro bruto em 2024. Uma fonte relatou que os inventários estavam atrasados e que itens com perdas e quebras não estavam sendo registrados integralmente no CPV.
Segundo o Grupo, até então os inventários eram, “no máximo, quadrimestrais”, e houve investimento de R$ 15 milhões para aumentar a frequência. Grandes redes do setor realizam pelo menos três ciclos anuais ou inventários mensais em lojas de maior giro.
Em 2024, o Grupo ampliou áreas de serviços como açougues e padarias, e mantém grande operação de perecíveis nas regiões Norte e Nordeste, onde índices de perdas costumam ser mais altos.
O balanço reapresentou valores de obsolescência e quebras, que passaram de zero para R$ 35 milhões em 2024 e chegaram a quase R$ 79 milhões até setembro de 2025. O Grupo também relatou reforço no combate a furtos.
Há dois meses, um esquema de desvio foi identificado na unidade Mix Mateus Bacabal, em Alagoas, envolvendo caixas e compradores. A investigação prossegue na delegacia regional.
Fonte: Valor Econômico
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