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17/11/2025
Atacarejos na encruzilhada entre o desconto e a diversificação
POR Barbara Fernandes
EM 04/07/2025

Foto: Adobe Stock
Os atacarejos se consolidaram como um dos formatos mais relevantes do varejo alimentar brasileiro nas últimas duas décadas. Atraindo tanto consumidores finais quanto pequenos comerciantes, o modelo tem como principal atrativo os preços competitivos e, desde a pandemia, vem passando por uma fase de evolução. Nesse processo, os atacarejos incorporaram novas tecnologias, ampliaram o sortimento e adotaram estratégias mais sofisticadas de gestão e marketing, visando à fidelização.
Somente no 1º trimestre deste ano, as maiores bandeiras representantes desse formato no Brasil – Atacadão, Assaí e Mix Mateus – ultrapassaram juntas a marca de R$ 46 bilhões em faturamento. O grande destaque foi o Mix Mateus, com crescimento de 12,1%, seguido pelo Assaí (+7,8%) e o Atacadão (+7,3%). Além disso, dados do Shopping Brasil reforçam a consolidação do atacarejo como canal estratégico para promoções. Em 2021, o formato concentrava 12% das ofertas monitoradas no país. Em apenas três anos, esse percentual saltou para 28%, e a previsão para 2025 é que chegue ainda mais próximo dos 30%.
Apesar dessa expansão e da evolução no oferecimento de descontos, análises internacionais como a do portal The Robin Report apontam que os atacarejos brasileiros vêm se afastando de seus princípios originais de baixo custo. Segundo a avaliação, a crescente inclusão de serviços e a diversificação do sortimento têm enfraquecido o diferencial de preço do modelo, abrindo espaço para a entrada de um novo tipo de concorrência: os hard discounters. Já consolidados em mercados como Alemanha, Colômbia, México, China e países do Leste Europeu, redes como Aldi e Lidl seguem um modelo com lojas menores, sortimento e operação enxuto, marcas próprias e foco absoluto em preços baixos para o consumidor final.
No Brasil, embora o público historicamente valorize variedade e atendimento, a alta nos preços dos alimentos e a crescente digitalização tem tornado o consumidor mais sensível aos decontos. Com 88% da população utilizando smartphones, a comparação online de preços se tornou prática comum, exigindo que os atacarejos disputem também no ambiente digital.
Nesse contexto, o mercado brasileiro desperta o interesse de redes internacionais comprometidas com os fundamentos do hard discount. Exemplo disso é a russa MERE, que monitora oportunidades de entrada no varejo nacional. A grande questão é como os atacarejos nacionais irão equilibrar o foco em preço e eficiência com a evolução de serviços, para não “perder terreno” para players internacionais com propostas mais direcionadas. O futuro do formato dependerá da capacidade de manter sua competitividade em um cenário cada vez mais influenciado por preços agressivos e proximidade.
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Barbara Fernandes
Repórter








