Foto: Stock Adobe

A alta da inflação tem levado o consumidor a fazer mudanças para economizar. Pesquisa da Datafolha mostra que 67% dos brasileiros mudaram os hábitos de consumo. Entre essas pessoas, 61% passaram a adquirir produtos de marcas mais baratas e 29% começaram a adquirir produtos próximos ao vencimento.

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Segundo o levantamento, o consumo dos chamados “vencidinhos” cresceu substancialmente nos últimos meses em razão da alta dos preços. De olho neste crescimento, alguns mercados passaram a se especializar neste tipo de produto. A estratégia é boa para o cliente, que consegue comprar um produto de qualidade mais barato, embora próximo do vencimento, e para o varejista e para a indústria, que não perdem dinheiro por ter que descartar um produto fora da data de vencimento.

De acordo com Jenny Balbino Rodrigues, dona do mercado O Barato da Vargem, um “vencidinho” de Vargem Grande Paulista (SP), o segmento cresceu com a pandemia e o público que vai em busca desse produto são clientes tanto de classe baixa como de classe média.

A sócia do Mercado Vanessa, Dayana Ferraz Primarano, que tem três unidades em São Paulo e uma em Osasco, também percebeu o aumento na procura por este tipo de produto.

As executivas ponderam que quem frequenta esses mercados não vai lá para fazer a compra do mês e, sim, para comprar um produto específico, porque viu uma promoção, ou então tem o hábito de ir mais de uma vez na semana para ver o que está com preço bom naquele dia.

Segundo as empresárias, as carnes são os produtos que mais vendem. Com o aumento do preço das carnes forçou muitos brasileiros a consumirem menos carne bovina. No entanto, como trabalham com itens próximos do vencimento, os produtos oferecidos no mercado variam de acordo com o que os fornecedores têm disponível para vender. Isso significa que não é sempre que os mercados conseguem ter carnes.

Os “vencidinhos” recompram mercadoria de distribuidoras, da indústria ou de grandes mercados que oferecem os produtos antes que vençam.

De acordo com Vinicius Alves, fundador da Gooxxy, empresa especializada em recolocação de produtos no mercado, os pequenos empresários que fazem negócio com a Gooxxy tiveram aumento de 20% nas vendas de produtos que custam menos ao consumidor, como biscoitos e iogurtes, e de 50% para itens mais caros, como chocolate e material de limpeza. Essa alta foi registrada em agosto deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado.

Essa batalha contra a inflação não acontece somente no Brasil. No Reino Unido, há um movimento a favor da retirada da data de validade de alguns produtos. Os supermercados de lá estão eliminando de forma gradual as datas de validade de diversos itens perecíveis em favor do bom senso do julgamento dos consumidores. Embora os varejistas digam que a medida economizará dinheiro dos clientes e reduzirá o desperdício, ela marca uma nova virada na dura batalha contra a inflação.

As redes Asda, Co-Op, Morrisons, Waitrose, Tesco e Marks & Spencer anunciaram uma eliminação total ou parcial das datas de validade em determinados produtos, em alguns casos mudando-os para códigos escaneáveis monitorados pela equipe da loja, que pode recolher itens vencidos.

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