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Presidente da P&G Brasil: “solução para execução só vai vir se varejo e indústria trabalharem juntos”

POR Reportagem SA+ Conteúdo

EM 07/12/2018

Desde fevereiro deste ano, Juliana Azevedo comanda a operação brasileira da P&G. Com 23 anos de atuação na companhia, a executiva acredita que as inovações são essenciais para o resultado da empresa e também para o varejo. Para se ter uma ideia, a companhia terá, a partir do ano que vem, um centro de inovação no País, na cidade de Louveira (SP), que contará com 120 cientistas de um total de 7.500 globais. Juliana também conta que visita com frequência supermercados na companhia de diretores para entender o que acontece, de fato, nas lojas. Ela ressaltou ainda que a companhia voltou a crescer neste ano, sem citar números. A presidente da P&G falou à SA Varejo no evento de lançamento da campanha “ 1 clique = 1 dia de água pura ”, que pretende ampliar o alcance de um programa da empresa que realiza a distribuição de sachês purificadores de água para comunidades carentes. A ação marca a comemoração dos 30 anos da indústria no País. Confira a seguir os principais trechos da entrevista. 

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Durante a abertura do evento, você comentou que se sente animada em relação a 2019. Quais fatores contribuem para isso? 
A P&G retomou o crescimento em 2018 e conta com um portfólio de inovações, que começaram a chegar ao mercado a partir de julho de 2018. Todas as famílias de produtos têm tido inovações, que, para mim, são um dos ingredientes principais dessa retomada. Temos uma parceria fantástica com os diferentes varejos, que começam a experimentar e fazer coisas diferentes que vão ajudar todo mundo a ter números melhores em 2019. Portanto, o que me anima para 2019 são três fatores. Um é que já fechamos 2018 melhor e já começamos o ano que vem com bom impulso. O segundo ponto é que temos inovações e elas são desenhadas para os diferentes canais. Acredito que elas farão a diferença. E, por fim, sem dúvida nenhuma, temos a parceria de nossos clientes. Caso contrário, a inovação ficaria oculta e o consumidor não compraria da P&G. 

Com relação à parceria com varejistas, você tem tempo de visitar lojas?
Toda semana estamos nas lojas. Muitas vezes vai a diretoria toda, porque enxergamos um “valor” enorme em vermos a realidade juntos. Um colega de vendas pode dizer “isso não está vendendo”, e o de marketing afirmar: “mas não está bem exposto”. Por isso, vamos todo mundo para a loja entender o que está acontecendo e falar, ao mesmo tempo, com o promotor, pois ele vive a realidade e sabe por que, por exemplo, o produto não está bem exposto. Acabei de voltar de Minas, onde estava visitando lojas e encontrando clientes. Eu adoro. Trabalhei dois anos em vendas. 

A partir do que você vê nas lojas que visita, quais pontos ainda podem ser desenvolvidos por varejo e indústria? 
Da teoria à prática, ainda se comete muitas falhas na execução. Isso não é culpa do varejo e não é nossa, mas a solução só vai vir se trabalharmos juntos. Outra coisa é que o mercado, de modo geral, durante o cenário econômico ruim, reduziu investimentos em inovação. Anos atrás havia ferramentas, formas e até espaço especial na loja só para as grandes inovações. Durante a crise, muitas vezes isso foi substituído por promoção. É hora de virar um pouco a chave, de reequilibrar, porque a promoção é importante, mas também é preciso dar protagonismo maior à inovação. 

Voltando às inovações da empresa, elas são focadas em produtos de maior valor agregado. Considerando a crise e a perda de poder aquisitivo do consumidor nesse período, essa estratégia foi acertada? 
A nossa participação de mercado não teve queda, ela está estável. Esse é um grande indicador do nosso resultado, que, no curto prazo, começa a ter a retomada que mencionei. O que é importante para o nosso consumidor é “valor atribuído ao produto”, mais do que preço especificamente. De fato, o consumidor pós-crise é mais exigente e está buscando mais ofertas. Uma mudança é que, historicamente, ele ia a cinco tipos de lojas para fazer a compra, agora vai a sete. Como isso se traduz para nós é que somos uma empresa que se diferencia por superioridade. E não só por preço. A qualidade das nossas inovações tem de ser ainda mais irresistível, e o portfólio, a linha de produtos que temos, deve caber em diferentes bolsos. Esse “caber em diferentes bolsos” pode ser um tamanho ou versão diferente, porque o consumidor quando ascendeu da classe D e E para a C, experimentou um produto melhor. Esses são os caminhos que acreditamos para enfrentar essa realidade. 

Qual a importância das inovações nos resultados da empresa?
Inovação é a nossa força motriz. Falamos muito nesse evento da inovação de produto, mas inovamos no jeito de trabalhar e na forma de falar com o consumidor. Até para gerar produtividade, é preciso ter inovação. Ela é, para mim, simplesmente essencial. 

É também uma maneira de contribuir para o varejista ter um produto de maior valor agregado e fugir da guerra de preço? 

Num momento que o consumidor está mais “promocionado”, se você opta por oferta, acaba eliminando muito valor das categorias e da cadeia como um todo. Não é bom para ninguém. Observamos ainda que as categorias estão estáveis. Penso que nossa participação pode ser maior do que a do concorrente, mas temos de ver, juntos, como podemos crescer o tamanho do mercado, desenvolver as categorias. Todo mundo ganha com isso, principalmente o varejista. E esse monte de promoção, baixando o valor, não é uma boa receita. 

O centro de inovação que será inaugurado no ano que vem pode acelerar as inovações no Brasil? 
Com certeza. E também ajudará a ter inovações mais irresistíveis. Nem tudo vai ser criado aqui. Tenho 120 cientistas no Brasil e 7.500 no mundo. Quero ter acesso aos 7.500. Mas poder ter uma equipe local, é importante. Se vier algo global e não funcionar, é possível consertar; se precisar fazer algo original, específico para o mercado brasileiro, temos como fazer. O centro de inovação é o presente da P&G para os 30 anos de Brasil. 

Em média quantos produtos vocês lançam ao ano? 
Não necessariamente inovação vem com mais produtos. Ela pode vir com o mesmo item transformado. No caso das fraldas que lançamos em julho, em vez de criar produtos novos, melhoramos a linha toda. É importante lembrar que a gôndola não é elástica. Respeito o metro quadrado que nos é dado nas lojas. Acreditamos que mais produtos do que o necessário gera mais custo com logística e perdas, por exemplo. 

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TAGS:P&G, Execução, Colaboração, Cooperação Varejo e Indústria
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