O varejo físico vai chegar ao fim?
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 16/11/2018
Apesar do que apregoam alguns gurus disruptivos ou analistas do mercado, não há evidências que apontem a substituição completa das lojas físicas pelo e-commerce e pelas lojas autônomas – aquelas operadas 100% por inteligência artificial. Mesmo nos EUA, onde se fala no apocalipse do varejo, em função do fechamento de inúmeras cadeias nos últimos anos, essa visão é exagerada. O horizonte mais distante não indica o fim do varejo físico, mas, sim, grandes (grandes) mudanças .
É nesse cenário que os olhos do supermercadista precisam ficar pregados. Estudo divulgado no site Economic.com, da Moody’s Analytics , oferece uma boa ideia do que está acontecendo. Segundo o autor do estudo, Adam Ozimek, o declínio geral do varejo físico nos Estados Unidos tem sido relativamente pequeno na economia, e não uma grande ruptura estrutural, como muitos imaginam. No Brasil, a situação é bem parecida. Ao considerar a taxa de empregos americana no segmento, Ozimek constatou que ela ainda está próxima da alta histórica – 15,3 milhões de vagas, perdendo apenas 22 mil postos de trabalho neste ano, abaixo do pico alcançado em 2017.
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Numa análise do comportamento dos últimos 32 anos, o analista descobriu ainda mais: enquanto o emprego no varejo caiu de 11,8% para 10,4%, em relação ao total de empregos, o da indústria de manufatura despencou de 25% para 9%. O que mostra a vitalidade do setor e sua importância para o consumidor. No Brasil, apesar da crise econômica dos últimos anos, o varejo continua sendo o maior empregador privado do país. Os 300 maiores varejistas no ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo empregam 1,36 milhão de pessoas, número semelhante ao de 2017.
O GPA Alimentar tem 91 mil colaboradores, o mesmo volume do ano passado. “Pensar que o varejo físico está condenado é uma afirmação extrema”, afirma Carlos Honorato, professor de cenário econômico da Saint Paul Escola de Negócios . Para ele, o varejo está atravessando um processo de transformação, porque o consumidor vem sendo movido pelas tecnologias e complexidades da vida moderna. Mas isso não é o fim de um modelo. “As vendas online ou das lojas inteligentes, sem caixa e totalmente automatizadas, agradarão a uma parcela da população, mas não toda”, afirma Honorato. “Os movimentos de comida natural, restaurante artesanal, faça você mesmo, produtos orgânicos, evidenciam o retorno de um grande público (inclusive jovem) aos espaços físicos”, declara. “O que o varejo precisa é ficar atento a todos os movimentos para oferecer opções ao cliente.”
Vamos aos fatos
Nos últimos 6 anos:
- 6,3% foi o aumento no número de lojas do varejo alimentar
- 18% o salto no número de funcionários (Banco de dados de SA Varejo)
Nos últimos 9 anos:
- Enquanto o percentual de pessoas ocupadas na indústria de transformação avançou 33%
- o de pessoas no comércio varejista cresceu 33,6%
- Diferença de 1000% (PAC/PMC do IBGE)
O que pensam os varejistas
“A loja física não está ameaçada, como andam dizendo. é nela que o cliente adquire o lançamento, a oferta, e faz a compra por impulso. mas o online tem seu papel. há três meses, temos parceria com a rappi, serviço digital de compra com delivery. o cliente entra no aplicativo e escolhe os itens. a Rappi vai até a loja, faz as compras e entrega. implantamos em uma unidade-teste, e o serviço já responde por 5% das vendas”
Antonio Romacho Diretor-presidente Asun (RS)
“No Brasil tem espaço para tudo, inclusive o e-commerce. algumas pequenas empresas da central de negócios Unibrasil já entraram no segmento. os dois canais se complementam e tendem a gerar mais vendas. e isso vale tanto para o varejo de preço baixo quanto para o varejo mais sofisticado. o mercado é enorme, variado, com muitas possibilidades a serem exploradas”
Paulo Cardillo Superintendente da Unibrasil (CE)
“Não existe declínio de loja física no centrooeste. apesar do progresso com a agropecuária, a região é muito tradicional. existe uma barreira cultural em comprar pela internet. o pessoal desconfia de não receber o produto escolhido, da forma de pagamento, etc. estudos apontam que menos de 4% do faturamento do setor vem do e-commerce. sou cético em relação à expansão rápida”
Mirko Ribeiro Diretor comercial, Juba e Atacado Pantanal (MT)
“A loja física e a online vão conviver e se complementar. mas o ritmo é lento na maioria das cidades. as classes c e d têm celulares, mas não o acesso à internet com velocidade para realizar compras. é preciso começar de alguma forma e já, mas sem afobação. nós optamos por e-commerce em apenas uma loja, onde a população tem poder aquisitivo maior. vai ser bom para entender como funciona a dinâmica. vamos começar devagar”
Rafael Guilherme dos Santos - Sucessor Arco-Mix (PE)
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