Dara Khosrowshahi completa neste mês um ano como presidente executivo do Uber. Foi contratado para conter turbulências vividas pela empresa naquele mometo, como denúncias internas de assédio e discriminação, vazamento de dados e acusações de roubo de tecnologia de concorrentes. Apesar de comandar uma das companhias mais inovadoras do planeta, um dos segredos do CEO para reverter o momento ruim foi implantar uma filosofia surgida na década de 1950.

“Sou um crente fiel da estratégia de Defeito Zero”, declarou Dara Khosrowshahi no início de sua gestão a frente do Uber. Não se tratava de simples jogo de palavras. A estratégia de "Defeito Zero" surgiu há 70 anos quando a indústria de armas Martin Company recebeu a missão de produzir o primeiro míssel Pershing para ser o sistema de armamento mais sofisticado já criado. O exército norte-americano exigia perfeição. 

Philip Crosby, gerente de controle de qualidade da Martin Company, ficou encarregado de garantir perfeição no desenvolvimento do armamento. Baseado na ideia de instigar nos funcionários a disposição de evitar problemas desde o projeto até a fabricação, em vez de consertar erros posteriormente, Crosby criou a estratégia que seria denominada mais tarde de Defeito Zero. O ponto principal era mudar na empresa uma cultura de tolerar pequenos erros sob justificativa de acelerar o processo. 

Na época, a filosofia implantada por Philip Crosby se tornou uma espécie de mantra na administração de empresas, com amplo destaque em indústrias dos setores aeroespacial e automobilístico, segmentos em que pequenos equívocos podem provocar desastres. O conceito de "Defeito Zero" foi amplamente utilizado pela NASA, por exemplo no famoso programa Apollo, cujo ápice foi a chegada do homem à Lua em 1969.

Uma filosofia baseada no controle de qualidade era o que o Uber precisava, no entendimento de Khosrowshahi, para corrigir erros provocados por anos de foco no crescimento acelerado sem a mesma preocupação com a qualidade.