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Levantamentos da FGV indica que 12 dos 19 segmentos da indústria acumulam um volume de estoques acima do desejado. A situação está diretamente relacionada à tentativa dos varejistas de escapar dos juros elevados e evitar o acúmulo de produtos em suas prateleiras com a redução de seus estoques. O resultado disso é a aglomeração de produtos na indústria, cujo o indicador (de estoques) encontra-se acima de 100 desde setembro do ano passado. 

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Durante o auge da pandemia, a indústria enfrentou a escassez de insumos, o que resultou em estoques vazios. No entanto, a situação atual é diferente, com uma demanda mais fraca e acumulação de mercadorias. De acordo com Stéfano Pacini, economista do Ibre/FGV, cerca de 63% dos segmentos da indústria de transformação estão afetados pelo excesso de estoques, uma situação que reflete o contexto macroeconômico de juros elevados, que inibem as compras dos consumidores e enfraquecem a demanda, afetando toda a cadeia de produção. Em outras palavras, a redução das compras do varejo, aumenta os estoques dos fabricantes. 

Segundo pesquisa da FGV, 23,8% dos comerciantes varejistas apontam o custo financeiro elevado como um fator limitante para seus negócios - o maior resultado desde 2016. No setor de supermercados, especificamente, este acúmulo de estoque é ainda mais preocupante por se tratar de produtos alimentícios.

Para Sébastien Durchon, senior advisor de Varejo e Bens de Consumo da consultoria Olivier Wyman, os principais fatores favoráveis ao varejo para cortar estoques são a alta nos custos, consumo fraco, desaceleração da inflação e em alguns itens a deflação nos preços - varejistas não querem correr o risco de comprar um produto por um valor elevado e ter que vendê-lo por um preço relativamente reduzido. 

Sebastian também comenta que o movimento dos varejistas de reduzir seus estoques é uma estratégia arriscada para diminuir o custo financeiro, responsável por afetar negativamente uma parcela considerável dos resultados líquidos, pois sem os produtos nas gôndolas, há uma chance de perda de vendas. 

Por este motivo Arnaud Dusaintpère, sócio de Varejo e Bens de Consumo da consultoria, verifica que a implementação de inovações tecnológicas como, por exemplo, ferramentas de IA (Inteligência Artificial) podem ser essenciais para prever as demandas e o volume dos estoques adequadamente.

Para Celso Kayo, gerente geral comercial da rede de supermercados Hirota, as vendas desaceleraram do primeiro para o segundo trimestre de 2023, o que provocou uma alta nos estoques do varejo alimentar. Sobre a rede, o gerente comenta para o Estadão que o giro do estoque do mercado passou de 28 dias para 32 dias, mas que ajustes já foram feitos para  o estoque corresponder ao volume menor de vendas. Celso ainda ressalta que, apesar da redução de compras da indústria, os supermercados Hirota ainda possuem mercadoria o suficiente para não correr o risco de ruptura em suas lojas.

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