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30/05/2025
Atacarejo: qual o equilíbrio entre inovação, serviços e despesas?
POR Lúcia Helena de Camargo
EM 14/05/2024

Foto: Arquivo SA+ Ecossistema de Varejo
O atacarejo já ocupa cerca de metade das operações de varejo alimentar no Brasil. Embora tenha atingido um patamar no qual o ritmo de crescimento tende a ser menor, continua ganhando terreno. De acordo com Sérgio Leite, diretor da divisão São Paulo do Assaí Atacadista , hoje 45% das vendas da empresa são efetuadas para comerciantes e 55% para consumidores finais.
Uma das principais inovações da rede, que em 2024 completa 50 anos, foi a introdução há cerca de três anos do serviço de açougue em parte das unidades. “Passamos a oferecer em muitas lojas os serviços de açougue para vender carne fatiada. Antes, vendíamos apenas o produto embalado”, diz Leite.
“Essa comodidade atende quem prefere comprar a carne já cortada, mas não se trata apenas do consumidor comum; vendemos para um grande número de restaurantes, que já contam com o Assaí para manter o estoque e acabam enxergando vantagem em encontrar serviços adicionais por um preço justo”, diz Leite.
Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail , os formatos evoluem. “Se o cliente demanda, naturalmente os modelos vão sendo adaptados. Até por ter se tornado dominante no varejo alimentar brasileiro, o atacarejo tem buscado diferenciação, procurando oferecer novos serviços”, explica o especialista.
“É importante preservar a disciplina para não perder a competitividade do modelo, baseada em baixo custo operacional, com sortimento limitado que simplifica tanto a operação quanto a logística e permite que o cliente encontre aquilo que compra com frequência a preços realmente atraentes. Se perder essa essência, o formato morre”, alerta.
De acordo com Serrentino, as despesas operacionais precisam ser mantidas no patamar de um dígito – ou seja, em menos de 10% – para que o negócio siga saudável. Afinal, no atacarejo, que surgiu de uma adaptação para o Brasil do “cash & carry”, baseado no autoatendimento, o maior atrativo é o preço baixo.
Outra questão fundamental na qual o varejista precisa prestar atenção, de acordo com o fundador da Varese Retail, é a escala de vendas. “O Assaí, que conta com produtividade acima da média e enorme capilaridade, pode testar modelos nos quais inclui mais ou menos serviços em diferentes regiões. Porém, para um operador com menor maturidade de mercado, essa talvez seja uma armadilha perigosíssima. A conta pode não fechar. É preciso tomar decisões com muita cautela”, alerta.
A dose extra de precaução é necessária, segundo o consultor, porque o cenário tende a se alterar rapidamente, já que o consumidor busca sempre a melhor equação entre preço e conveniência, sem se ater a fidelidade. “Não podemos subestimar o cliente brasileiro, que é maduro e sabe discernir o que cada formato entrega. O consumidor faz comparações o tempo todo. Ele segue comprando as marcas nas quais confia, mas não é leal a formatos ou bandeiras”, avalia Serrentino.
Já Sérgio Leite, diretor do Assaí, afirma que a rede continua apostando nas inovações. Ele comenta que o Assaí planeja embarcar novos serviços nas lojas e em breve lançará produtos financeiros para pessoas jurídicas.
“O consumidor se aproximou do atacarejo em razão dos preços baixos, já que no Brasil pessoa física e jurídica se misturam. Mas evoluímos juntos. E seguimos pensando em como atender melhor sem perder a essência. Nosso objetivo é seguir oferecendo a melhor oferta, aumentando a dose de conforto, e estarmos atentos para manter os custos dentro de patamares adequados. Estamos em constante evolução no formato, sem perder nosso DNA de baixo custo”, reforça Leite.
O tema “Evolução do formato atacarejo” foi debatido pelo executivo e pelo especialista em varejo Alberto Serrentino no programa Papo de Varejo, que foi ao ar em abril. Se você perdeu, clique aqui para assistir.
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