“O custo de aquisição de um cliente é alto demais para perdê-lo em uma situação dessa”

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Tatiane Pamboukian -

André Felicíssimo, presidente da P&G, explica como ser uma loja apta a receber os 55% de consumidores pretos e pardos pode ser, além de um papel social, estratégico para o negócio

Foto: Stock Adobe

O racismo é, infelizmente, uma injúria enraizada na sociedade. O papel do setor corporativo é de extrema importância na erradicação desse mal que tantos danos traz a cada um dos envolvidos nas ações de discriminação. 

“O ambiente de compra é um dos locais que mais geram esse tipo de evento, pois é um lugar onde as pessoas estão com a expectativa de usar seu poder aquisitivo, quando são impactadas pelo preconceito de que uma pessoa preta ou parda tem um poder aquisitivo menor”, afirma André Felicíssimo, presidente da P&G .

Alguns eventos ganham maior repercussão até pela maior gravidade, mas Felicíssimo ressalta que ocorrem todos os dias diversos microeventos, sem grandes ameaças, como um ‘simples’ olhar de discriminação, os quais geram irreparáveis consequências, especialmente no emocional.

O professor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares , acrescenta ainda que há muitos casos de suicídios ou tentativas entre crianças e adolescentes, pessoas que ainda não têm estrutura para lidar com esse tipo de situação. “Não precisamos esperar algo acontecer para as empresas despertaram para a necessidade de mudança. Um segurança retirar alguém de um corredor no supermercado já gera constrangimento e isso é uma agressão”, sinaliza.

O cenário motivou a P&G, empresa com mais de 180 anos de mercado e grande influência no segmento, a fazer a diferença. Em parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares criou o Programa Racismo Zero , que visa preparar as redes para receber os 55% de consumidores brasileiros pretos e pardos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística), que, muitas vezes, não recebem o tratamento adequado. 

“As empresas que cumprirem alguns paradigmas, ao final da jornada, serão reconhecidas e certificadas como um ambiente seguro contra o racismo. O selo Racismo Zero é uma forma de estimular e de fortalecer esse compromisso no ambiente corporativo e comercial, que precisa estar preparado para ser um ator da mudança racial”, destaca o professor José Vicente.

A P&G já vem se engajando há algum tempo na inclusão étnico-racial através dos programas Racial 360, que inclui uma série de atividades internas e externas, e o Cria da Quebrada, voltado à capacitação de profissionais de criação. Agora com o Racismo Zero a empresa quer usar o poder de seu impacto para levar ensinamentos e aos seus parceiros e convidá-los a criar esse ambiente antirracista em suas lojas.

Felicíssimo ressalta que, mais que um compromisso social, o comprometimento com as questões raciais, especialmente a fim de que elas não aconteçam nas suas lojas, é uma estratégia de negócio para o varejista, ou seja, só traz vantagens para todos os envolvidos. 

“A rede que se certifica cria um valor, ela passa a ter um diferencial para os 55% da população que é preta ou parda, uma grande massa de consumo. Existe todo um trabalho e um custo de aquisição alto para atrair o shopper para perdê-lo em uma situação dessa”, alerta o presidente da P&G. 

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