Mateus, Dia, Amigão e Casino: o que representam as fusões e aquisições dos últimos dez dias no varejo alimentar

Uma nova onda de fusões e aquisições no varejo alimentar voltou a ganhar força nos últimos dez dias. O movimento envolve empresas importantes e demonstra o quanto o mercado é complexo, exigindo uma precisão cada vez maior nas estratégias definidas. Em outras palavras, o setor no Brasil não está para brincadeira.

Relembre a seguir as movimentações do período:

- O Grupo Mateus – terceiro maior do setor, com faturamento anual de R$ 30,2 bilhões – manifestou por meio de fato relevante seu interesse em adquirir 51% do Novo Atacarejo

- A francesa Casino contratou o Itaú para vender a sua fatia restante do GPA, de 22,5%. O valor está estimado em R$ 320 milhões

- O Dia vendeu 100% da sua operação no Brasil para o fundo MAM Asset Management, do Banco Master, por um valor simbólico de 100 euros

- Em mais um movimento que encorpa sua operação de varejo, a Plurix, que pertence ao Pátria Investimentos, adquiriu o Grupo Amigão. A rede paranaense soma seu faturamento de R$ 4,3 bilhões de 2023 aos R$ 4,7 bilhões do fundo de investimento

Chamo a atenção para dois pontos nos negócios acima. Um deles é a saída de duas estrangeiras do controle de suas operações no Brasil. Refiro-me ao Dia e ao Casino. No primeiro caso, as lojas da rede vinham se posicionando no modelo de proximidade. Na prática, portanto, enfrentava, especialmente nos grandes centros urbanos, como a cidade de São Paulo, operações com propostas mais claras e mais bem executadas. Já no Estado de São Paulo ganhou um concorrente com crescimento rápido e vertiginoso em número de lojas, o mexicano Oxxo.

O segundo ponto é o fortalecimento das redes regionais, conforme demonstram os negócios realizados nos últimos dias. O Grupo Mateus, por exemplo, caso concretize o acordo com o Novo Atacarejo, dá um passo importante no sentido de proteger seu mercado de atuação e de acelerar seu crescimento. A aquisição da Plurix vai no mesmo sentido. A empresa do Pátria adquiriu, também se aprovado pelos órgãos regulatórios, uma varejista praticamente do seu tamanho, fazendo com que, em uma tacada só, dobre de tamanho. Importante frisar que a operação de varejo do fundo de investimento é composta apenas por redes regionais do varejo alimentar brasileiro, como a Casa Avenida (SP) e a também paranaense Superpão, entre outras.