César Augusto Bergamini, CEO da Sorvetes Jundiá

Foto: SA+

A Sorvetes Jundiá, marca com quase meio século de atuação e forte presença no interior paulista, inicia um dos movimentos mais significativos de sua trajetória: a entrada no franchising. A estratégia busca aproximar a indústria do consumidor final, ampliar exposição de portfólio e fortalecer a presença da empresa em regiões onde o canal supermercadista já opera como principal parceiro de vendas.

A iniciativa marca a preparação da companhia para o ciclo de comemorações dos 50 anos, em 2026, e acompanha um esforço de expansão nacional. Atualmente, a Jundiá conta com mais de 30.000 pontos de venda ativos e ocupa o 1º lugar em vendas no interior de São Paulo e o 3º lugar no ranking nacional da pesquisa As Mais Mais SV 2024.

Três modelos de lojas e meta de 1.000 unidades em 5 anos

Na nova fase, a indústria lança três formatos de franquia: loja de fábrica, gelateria e a açaíteria Fuzzy. Segundo César Augusto Bergamini, CEO, os três modelos já estão em operação piloto e integram um plano mais amplo de expansão. “A gente quer abrir 1.000 lojas em cinco anos. Essa é a nossa meta. Ambiciosa, mas a gente chega lá.”

O executivo explica que a entrada no varejo próprio responde a uma tendência observada no setor, em que indústrias usam lojas físicas para acelerar a presença de marca e diversificar canais. “As indústrias estão tentando chegar diretamente no consumidor final, e uma maneira de fazer isso é através de lojas próprias ou franqueadas.”

A ampliação do portfólio segue acompanhando o movimento: foram mais de 20 lançamentos em 2025, metade deles destinada ao canal supermercadista, especialmente potes e produtos de maior giro para autosserviço.

“A gente sempre faz muitas ações no supermercado: ações de preço, ações de degustação, além dos lançamentos”, explica.

Varejo alimentar representa maior fatia de vendas 

Apesar da aposta no franchising, o núcleo do negócio permanece no varejo alimentar. Bergamini descreve o supermercado como “a maior fatia” das vendas da companhia, impulsionada sobretudo pelo comportamento de compra do consumidor.

“Sexta, sábado e domingo é onde acontece a maior venda de sorvete, e os mercados ocuparam muito espaço nesse final de semana de compras. O mercado realmente hoje é muito representativo para nós”, afirma.

A companhia trabalha com forte impacto sazonal, mas afirma ter aprendido a conduzir o negócio dentro desse comportamento de mercado. “O sorvete é muito atrelado ao calor, ao verão. A gente se prepara sempre para fazer uma boa temporada e sabe que no inverno cai. Não tem muita ação para fazer, porque é cultural”, diz Bergamini.

Para mitigar oscilações, a empresa aposta em produtos com maior teor de caldas e chocolate, que tendem a ser percebidos como “menos gelados” e apresentam desempenho crescente no inverno.

Um dos principais pontos de atenção levantados pelo CEO é a infraestrutura do varejo para produtos congelados. Para a Jundiá, a cadeia de frio tem sido um dos diferenciais competitivos.

“Para transportar sorvete, você precisa de câmara fria, caminhão congelado, freezer no ponto de venda. Se esse reloginho não funciona muito bem, você entrega um sorvete que virou água. As grandes varejistas no Brasil ainda não investem muito nas prateleiras congeladas, nos locais adequados de armazenagem”, explica.

Segundo ele, o fortalecimento da categoria passa diretamente pelo avanço da infraestrutura de congelados, que ganha espaço à medida que cresce o consumo de pratos prontos e outros itens que dependem de conservação rigorosa.

Comemorações

A Jundiá começa a estruturar o calendário de ações para celebrar os 50 anos em 2026, com ativações previstas tanto nas lojas franqueadas quanto nas redes de supermercados.

Entre os lançamentos planejados, a companhia prevê produtos comemorativos e a retomada de sabores tradicionais que marcaram a trajetória da marca, como creme holandês e o picolé Minissaia.