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O GPA (GPA) anunciou uma nova etapa de reestruturação interna, marcada por cortes de custos, revisão de processos e mudança de mentalidade na gestão. O movimento ocorre após a chegada da família Coelho Diniz ao controle da empresa e a nomeação de Rafael Russowsky como diretor-presidente interino em outubro, acumulando também as funções de diretor financeiro e de relações com investidores.

Durante teleconferência de resultados do 3º trimestre de 2025, realizada nesta quarta-feira (5), Russowsky detalhou as frentes do Plano de Eficiência 2026, que prevê redução de ao menos R$ 415 milhões em despesas operacionais e investimentos entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões no próximo ano, quase metade do volume aplicado nos 12 meses anteriores.

Segundo o executivo, o plano divide a meta mínima de cortes de gastos em três blocos: eliminações, revisão de consumo e revisão de escopo. Entre as medidas está a otimização logística.

A revisão de consumo inclui racionalização de serviços e consultorias, enquanto a revisão de escopo envolve internalização de atividades e publicidade mais direcionada. “Hoje 'atiramos' na publicidade via diversos canais diferentes e buscamos otimizar isso com um ROI mais eficiente. A ideia é trazer uma mentalidade mais austera para a execução do plano de negócios daqui para a frente”, completou.

Nova cultura de gestão

A reestruturação vem acompanhada de uma mudança cultural impulsionada pela nova composição do Conselho de Administração. Russowsky afirmou que o presidente do Conselho, André Coelho Diniz, tem participado ativamente da operação.

“O André tem participado de maneira mais ativa do nosso dia a dia, tentando mergulhar em contas e entender aonde a gente pode buscar eficiências. É uma gestão muito presente, muito ‘barriga no balcão’”, disse.

Além disso, o executivo destacou que a aproximação entre Conselho e operação tem levado a uma revisão dos paradigmas internos e fortalecido a execução. 

No campo administrativo, a companhia já realizou cortes significativos. “A gente fez um movimento de redução importante no final do ano passado e no começo deste ano. Recentemente, complementamos esse exercício com uma redução de aproximadamente 700 pessoas, principalmente na sede, o que deve trazer uma economia de cerca de R$ 90 milhões por ano”, afirmou.

Com as duas rodadas de ajustes, o impacto anualizado chega a R$ 190 milhões, somando reduções iniciadas em 2024.

Estratégia comercial e comportamento do consumidor

Russowsky afirmou que, mesmo diante de juros altos e cenário competitivo, o GPA observou melhora gradual no comportamento do consumidor. “A gente vem notando uma ligeira melhora no comportamento do consumidor. Conseguimos apresentar algo próximo de 4% de aumento de vendas em mesmas lojas, o que é superior ao que vimos na maioria dos concorrentes”, disse.

O presidente interino destacou que a elasticidade de preço é menor nas bandeiras premium, voltadas para consumidores de renda mais alta, o que tem contribuído para estabilidade de margens. “Operamos principalmente numa camada mais afluente da sociedade, e existe menos elasticidade desse tipo de consumidor. Mantivemos praticamente inalterada a margem bruta, o que demonstra a força das nossas marcas e da nossa proposta de valor”.

De acordo com o executivo, o formato multicanal permite capturar movimentos de consumidores entre as diferentes bandeiras. “A nossa estratégia de multiformato nos preparou bem para cenários como esse. Conseguimos capturar esses movimentos entre classes mais afluentes e aquelas que buscam mais preço, de maneira muito competente”, contou.

Próximos passos

Com o fim de ano próximo — período que concentra cerca de 30% das vendas anuais do grupo —, o GPA aposta na execução disciplinada da estratégia para sustentar margens e ganhos de eficiência.

“Estamos confiantes com a proposta de valor que construímos em nossos diferentes formatos e marcas para realizar um resultado expressivo no último trimestre”, afirmou Russowsky. “Reforço o meu comprometimento de trabalharmos juntos com o apoio do Conselho para avançar com consistência e foco em uma entrega de longo prazo e perene.”

O GPA reportou lucro líquido de R$ 137 milhões no 3º trimestre de 2025, com Ebitda ajustado de R$ 412 milhões e receita líquida de R$ 4,56 bilhões, alta de 1,4% em relação a 2024. A margem bruta atingiu 27,6% e a Ebitda ajustada 9,1%, refletindo estabilidade operacional e racionalização do Capex, que caiu R$ 36 milhões no ano.

“Seguimos firmes na execução de um plano centrado na simplificação do negócio e no aumento da produtividade em todas as frentes”, concluiu o presidente.