13/04/2025
Carrefour, GPA e Hiperideal compartilham estratégias para transformar dados, pessoas e processos em vantagens competitivas
POR Kelly Souza
EM 26/02/2025

Foto: Freepik
A transformação digital é hoje um imperativo no varejo alimentar, exigindo das empresas não apenas investimentos em tecnologia, mas uma profunda evolução cultural. Para entender como o setor pode se adaptar a esse novo cenário, conversamos com líderes que enfrentam diariamente os desafios dessa transição. Eles compartilham experiências valiosas sobre como transformar dados, pessoas e processos em vantagens competitivas. O impacto dessa mudança já é visível, comprovando que a integração entre tecnologia e cultura organizacional traz resultados.
Desafios na jornada digital
A transição para uma cultura digital traz desafios que vão muito além da implementação de novas ferramentas. Segundo Arthur Silveira, diretor de dados e insights do Grupo Carrefour Brasil, o maior obstáculo na companhia foi alinhar as equipes ao uso de tecnologias personalizadas. “Trabalhamos de forma integrada, escutando as necessidades das áreas e mostrando como a tecnologia pode gerar resultados mais eficientes”, destaca.
No GPA, Rodrigo Poço, diretor executivo de digital da empresa, enfrentou desafios relacionados à migração para a nuvem e à modernização de sistemas legados. Uma das inovações foi a implementação Ship From Store. Na prática, o modelo já está gerando resultados expressivos ao reduzir custos logísticos.
“A decisão de migrar toda a operação da nossa venda online para as lojas, fechando o centro de distribuição que tínhamos antigamente, foi, sem dúvida, um divisor de águas para o negócio digital do GPA", relata Rodrigo Poço, diretor executivo de digital do GPA.
A reestruturação dos canais de e-commerce permite oferecer uma experiência de compra online mais fluida, apoiada por um sistema logístico otimizado, capaz de garantir entregas rápidas e precisas.
80% das entregas no GPA ocorrem no mesmo dia em que o consumidor realiza sua compra
Amanda Vasconcelos, diretora comercial do Hiperideal, enfatiza que, na varejista, o desafio foi equilibrar avanços tecnológicos com a necessidade de manter o toque humano. “Introduzimos etiquetas eletrônicas que trouxeram precisão e agilidade, mas sem abrir mão da dedicação das pessoas”, explica.
Capacitação e envolvimento das equipes
É essencial capacitar colaboradores para sustentar a transformação digital, o futuro está na diversidade de equipes e na integração geracional.
“Começamos pelas lideranças, que multiplicam o conhecimento e promovem soluções alinhadas ao dia a dia”, menciona Arthur Silveira, diretor de dados e insights do Grupo Carrefour Brasil.
Transformar a cultura digital requer equipes preparadas e engajadas. O Carrefour investe em treinamentos que começam pelas lideranças e se estendem a todos os níveis. ”A conscientização é essencial para que todos compreendam o impacto positivo da tecnologia no dia a dia”, afirma Silveira.
Jorge Inafuco, sócio-diretor do LeadersLab Treinamento e Consultoria Empresarial, reforça a importância de criar equipes diversas, que combinam habilidades técnicas com conhecimento do negócio. “O case da rede Hirota é exemplar: eles treinam colaboradores jovens e interessados do time de operação para atuar em TI, promovendo engajamento e baixo turnover”, conta.
Ele também reforça a importância de mesclar juventude com experiência, uma vez que, quando são combinados esses dois perfis, é possível acelerar o desenvolvimento e garantir soluções mais efetivas e inovadoras. Os jovens trazem uma facilidade natural com o digital, enquanto os colaboradores mais experientes conhecem profundamente os processos e o negócio.
O coração da estratégia
Os dados emergem como o alicerce da transformação digital no varejo alimentar, permitindo uma compreensão mais profunda do comportamento do consumidor e otimizando decisões empresariais, uma vez que a experiência de compra no meio físico e no meio digital se tornaram complementares. Não são apenas números armazenados em sistemas: são o ponto de partida para criar experiências personalizadas e relevantes.
O Carrefour, por exemplo, utiliza dados para moldar suas ofertas, tornando-as altamente direcionadas e alinhadas às necessidades individuais dos clientes. 95% das ofertas do Carrefour são personalizadas com base no comportamento de compra.
Com 21 milhões de clientes cadastrados, o GPA utiliza a análise de dados para otimizar campanhas e estratégias de relacionamento
No GPA, o robusto programa de fidelidade gera insights detalhados que impulsionam campanhas e aprimoram o relacionamento com o cliente. Essa abordagem melhora a experiência do consumidor e fortalece a eficiência operacional, permitindo ajustes estratégicos ágeis e assertivos.
O Hiperideal está usando dashboards avançados para mapear possibilidades e avaliar performance. Com as expectativas dos consumidores mudando rapidamente, a capacidade de interpretar e agir sobre dados é o que diferencia as organizações que lideram as transformações daquelas que apenas reagem a elas.
“Acredito que dados são, sem dúvida, o novo petróleo. Não tomamos decisões sem antes analisar os Dashboards e mapear as possibilidades”, comenta Amanda Vasconcelos, diretora comercial Hiperideal Supermercados.
Investir em tecnologia é essencial, mas investir em pessoas é o que garante o sucesso
Para Inafuco, a transformação digital vai muito além de bits e bytes. Ela é, acima de tudo, uma transformação cultural. É necessário que as empresas sejam visionárias, com lideranças corajosas e dispostas a integrar diferentes experiências e perspectivas em prol da inovação. A resistência à mudança é a maior barreira, mas também a maior oportunidade para quem quer liderar no mercado digital, acreditam especialistas
O futuro do varejo alimentar depende da capacidade de as empresas combinarem ferramentas avançadas com um olhar humano, promovendo uma cultura inclusiva, inovadora e resiliente.
Combinar lideranças tradicionais com o conhecimento digital das novas gerações gera um ecossistema propício à inovação e à transformação contínua. Líderes precisam estar dispostos a aprender e desaprender.
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