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3 varejistas contam como reduziram custos e aumentaram a produtividade na operação

POR Kelly Souza

EM 03/11/2024

Centralização e tecnologia impulsionam operações para crescimento sustentável

Foto: Divulgação


No cenário competitivo do varejo, em que margens de lucro apertadas e a exigência por eficiência ditam as regras, a busca por ganhos operacionais tornou-se uma prioridade estratégica para redes de supermercados e empresas do setor alimentício. Com o avanço das tecnologias e a crescente necessidade de otimização, duas abordagens se destacam: a centralização da produção e a implementação de soluções tecnológicas inovadoras.


Essas estratégias melhoram a operação de loja, resultando em maior produtividade, redução de custos e uma experiência de compra aprimorada para os clientes.


Confira, a seguir, algumas iniciativas que geraram resultados concretos para varejistas que apontaram caminhos para transformar desafios em oportunidades de crescimento sustentável:


Centralização da produção é motor de eficiência


A produção própria centralizada tem se mostrado uma solução eficiente para que as redes de supermercados viabilizem economicamente suas operações. Diferente da fabricação loja a loja, que demanda mais mão de obra e dificulta o controle de perdas, o modelo centralizado oferece não apenas benefícios operacionais, mas também vantagens tributárias e maior clareza na precificação dos produtos.


O consultor Bruno Cruz, da Viáz Consultoria, destaca que a centralização é essencial para a otimização dos recursos e para a padronização dos produtos. “Com uma central de produção, você faz uma melhor gestão dos recursos, aproveita economias de escala e tem maior controle sobre a qualidade dos produtos”, afirma.

Adotar uma central de produção ajuda a aumentar a produtividade ao permitir uma gestão especializada, resultando em produtos de melhor qualidade e com menor desperdício.

No entanto, implementar essa estratégia de maneira eficaz requer planejamento cuidadoso e a participação de profissionais qualificados. “O maior desafio é convencer os gestores de que esse tipo de projeto precisa ser desenhado em conjunto com especialistas da indústria de  alimentos, somando conhecimento e experiência para o sucesso do negócio”, complementa Cruz.

Além de melhorar a qualidade e a padronização dos produtos, a centralização permite maior controle sobre a validade dos itens, diminuindo o risco de irregularidades sanitárias — o que reflete diretamente na percepção do cliente.

01. SuperNosso e Pague Menos - Centralizar a favor do negócio


A rede Supernosso é uma das empresas que adotaram a centralização da produção, trazendo benefícios significativos. Segundo Edmilson Anacleto Pereira, diretor da rede, a centralização impacta a eficiência e a qualidade dos produtos oferecidos aos clientes da empresa. “Falando de eficiência, podemos dizer que nossa indústria veio colaborar em um momento em que mão de obra, principalmente especializada, como padeiro e açougueiro, já estava extremamente escassa no mercado. A produtividade desses profissionais aumentou consideravelmente com a implementação de processos e equipamentos de automatização da produção,” afirma Pereira.


Ele também destaca o impacto na qualidade dos produtos: “O ganho é tão expressivo que pode ser visto no shelf life dos produtos produzidos”, explica. Quanto aos ganhos operacionais, Pereira ressalta a disponibilidade contínua de todos os produtos do mix, algo que seria difícil de alcançar com produção loja a loja. Além disso, a manutenção da qualidade e padronização garantem uma experiência consistente para o cliente, aumentando a competitividade no mercado.


Benefícios da estratégia


90 dias
Prazo de validade dos produtos fatiados na central de produção


3 a 4 dias
Shelf life dos itens manipulados diretamente na loja


Vantagens: disponibilidade de produtos, qualidade e padronização estão entre os benefícios alcançados pela varejista mineira ao adotar a centralização da produção de itens próprios. Foto: Divulgação


A sinergia entre centralização de operações e inovação tecnológica não é uma teoria distante, mas, sim, uma realidade comprovada por diversas redes de supermercados no Brasil. Além do Supernosso, que obteve expressivas melhorias em seus indicadores de desempenho ao adotar essa estratégia, a rede de supermercados Pague Menos, do interior paulista, está  avançando com um novo projeto que ilustra bem os benefícios da centralização. Como parte de seu plano de expansão, a rede Pague Menos investiu na criação de uma Central de Panificação. O projeto foi planejado para abastecer todas as 36 lojas da rede e promete estabelecer um novo padrão de qualidade nos produtos oferecidos. Todo o planejamento de inaugurações da varejista tem como objetivo aprimorar a experiência do cliente, e a nova central não é exceção.

Identificamos oportunidades significativas para apri-morar nossos serviços, e essa central é um passo decisivo nessa direção” - Remo Leite, gerente de produção da Central de Panificação do Pague Menos

Esses exemplos reforçam como a centralização, quando aliada a um planejamento estratégico e ao uso de tecnologias adequadas, pode resultar em melhorias significativas na qualidade dos produtos e na eficiência operacional, beneficiando tanto as empresas quanto os consumidores.


Inovação tecnológica pode catalisar resultados


Enquanto a centralização da produção otimiza os recursos e a padronização dos produtos, a tecnologia complementa essas melhorias ao focar a eficiência operacional e a experiência do cliente. A integração entre essas duas estratégias cria um ecossistema robusto que maximiza os resultados positivos para o setor varejista. Gustavo Carrer, head de desenvolvimento de negócios da Inwave, explica como a tecnologia pode ser uma aliada essencial na geração de ganhos operacionais. A plataforma Inwave Darwin, que centraliza e automatiza a fiscalização e auditoria remotas, tem proporcionado resultados expressivos em diversas redes de supermercados. “O caixa é um ponto crucial, pois toda  mercadoria vendida passa por ali, tornando-o vulnerável a erros ou fraudes”, destaca Carrer. Com a implementação da fiscalização remota, o tempo de atendimento é drasticamente reduzido, e os custos com mão de obra são otimizados.


4 minutos

Tempo médio de validação nos checkouts sem adoção de tecnologia


20 segundos

Tempo dessa tarefa com o uso de ferramentas adequadas


Superando desafios na implementação


Embora os benefícios do uso de tecnologia sejam claros, as empresas frequentemente enfrentam resistência interna ao adotá-la. O medo do desconhecido e a preocupação com a substituição de funções são os principais obstáculos. Para superar essas barreiras, é fundamental investir em comunicação interna e treinamento. “Um ponto crucial para o sucesso dessas iniciativas é mostrar à equipe que a tecnologia não visa substituir trabalhadores, mas, sim, aumentar a produtividade e melhorar o desempenho”, sugere Carrer. O processo de integração deve ser acompanhado por treinamentos adequados e acompanhamento próximo nas primeiras etapas. Transparência e respeito à cultura organizacional são fatores essenciais para que a transição seja bem-sucedida.


Empresas que conseguem alinhar suas equipes em torno dessas novas estratégias costumam ver resultados rápidos e sustentáveis. O treinamento contínuo, aliado a uma gestão transparente, contribui para que os colaboradores se sintam parte do processo de modernização e, assim, abracem as novas tecnologias de maneira mais natural.

02. ANDREAZZA - Novo patamar de experiência do cliente e recuo nas quebras


A Andreazza vivenciou uma transformação significativa com a  adoção de uma nova ferramenta de fiscalização remota. A implementação trouxe desafios iniciais, como toda mudança, mas os benefícios rapidamente se tornaram evidentes tanto para a empresa quanto para os clientes. Mateus Andreazza, gerente administrativo da empresa, compartilhou sua experiência. “De fato, qualquer mudança gera, por menor que seja, um leve ruído, não é mesmo? Foi preciso investir bastante tempo com os funcionários que utilizariam a fiscalização remota, para que eles entendessem perfeitamente o processo e o porquê de aderirmos a essa nova funcionalidade”, comenta Andreazza.


Carnes, queijos e cervejas estão entre os produtos cujas quebras diminuíram após adoção de soluções tecnológicas, entre outras medidas. Foto: Divulgação


Esse cuidado foi essencial para garantir uma transição suave e a aceitação das novas práticas. Embora alguns clientes inicialmente não compreendam a intervenção remota em compras pequenas, uma explicação rápida sobre o processo geralmente resolve a situação. “Após uma breve explanação do processo, todos saem contentes. Mas, sem dúvida, a agilidade no atendimento ao cliente fez muita diferença”, completou.


A ferramenta não só melhorou a experiência do consumidor, reduzindo o tempo de espera, mas também teve um impacto direto nos indicadores operacionais da rede. “O maior intuito da aquisição da ferramenta foi a melhoria de alguns KPIs, só não tínhamos noção do quão rápido perceberíamos isso”, conta Mateus Andreazza. Um dos destaques foi a agilidade no atendimento ao cliente, algo fundamental em um mercado competitivo como o varejo. Além disso, a melhoria nos indicadores de inventário foi expressiva. Produtos como leite, cervejas, carnes e queijos, que têm maior valor agregado, apresentaram uma redução significativa nas quebras.

A redução das quebras no primeiro mês de implantação da tecnologia foi de 60%

Futuro do varejo


O uso de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e computação em nuvem, aliado à centralização das operações, promete transformar ainda mais o setor varejista nos próximos anos. A gestão centralizada das operações permite uma tomada de decisão mais eficiente e uma integração omnichannel, resultando em maior agilidade no lançamento de novos produtos e serviços. Empresas que adotam essas estratégias não apenas aumentam a fidelização dos clientes, mas também elevam o valor de suas ações ao longo do tempo. A centralização da produção, somada à inovação tecnológica, não é mais uma simples tendência — tornou-se uma necessidade para garantir a competitividade e a sustentabilidade no varejo.





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