Vendas por comando de voz
POR Reportagem SA+ Conteúdo
EM 27/07/2018
Está para chegar, num futuro próximo, uma época em que os sites e a navegação pela web serão apenas um detalhe na nossa experiência com a internet. Essa é a opinião de Michael K. Spencer, futurista, especialista em tecnologia e um dos articulistas mais lidos no LinkedIn a respeito de marketing digital e mídias sociais.
Para ele, nossa experiência no mundo virtual está sendo redefinida drasticamente pela inteligência artificial e pelos assistentes interativos que reagem a comandos de voz, como a Alexa , da Amazon . E, em breve, estaremos num mundo em que digitar um endereço na internet para checar uma informação parecerá tão antiquado quanto hoje é escrever uma carta a um amigo ou parente.
"A Alexa sabe, o Google sabe, as interfaces de inteligência artificial por voz estão evoluindo mais rapidamente do que esperávamos. Isso pode significar o fim de todos os websites, talvez já em 2023", diz Spencer em artigo publicado no Medium .
Para corroborar sua tese, ele cita um dos maiores responsáveis pela criação da Alexa, que tornou os assistentes pessoais extremamente populares dando vários tipos de informação a um comando de voz. Hoje chefe de tecnologia da LivePerson , uma das maiores fornecedoras de chatbots e soluções de inteligência artificial para marcas, Spinelli se dedica a construir o que ele chama de "comércio conversacional": uma forma de comprar em que basta o cliente falar o que deseja para receber o produto em casa.
Comunicação com as marcas
"Estamos utilizando inteligência artificial e bots de mensagens combinados à inteligência humana para tornar mais fácil aos consumidores se comunicar com as marcas a partir de qualquer dispositivo, aplicativo de mensagem ou assistente pessoal, no tempo que ele quiser, usando uma linguagem natural para comprar coisas, ter ajuda e resolver seus problemas", define o executivo da Live Person em artigo publicado no Linkedin.
A questão é a facilidade envolvida, explica Spencer. Quando queremos um produto específico, uma peça de roupa com um determinado tom de cor e com certos detalhes estéticos, encontrá-lo na internet, se é que é possível, vai custar um bom tempo combinando vários termos na busca do Google. Poderíamos, no entanto, nos expressar com maior naturalidade falando com um assistente pessoal, que usaria a inteligência artificial para encontrar o produto na internet e nos mostrar - para isso seria necessário algum tipo de suporte de vídeo ligado ao assistente, o que ainda não existe atualmente.
"Pule para 2022, e Amazon, Google, Apple , Tencent e outras empresas estarão "em todo lugar' com interfaces de voz universais, telas e inteligência artificial usada sob demanda. Por que precisaremos pesquisar sites e baixar aplicativos, seria tão antiquado", escreve o futurista.
Jetblack, do Walmart
Já há experimentos que se aproximam do que propõe Spencer. O Walmart , por exemplo, lançou nos Estados Unidos o serviço Jetblack, em que os consumidores só precisam fazer uma ligação, ou mesmo falar com um assistente pessoal dado pela empresa, para fazer um pedido e recebê-lo em casa. O serviço atende áreas específicas de Nova York e visa atender clientes de alto padrão, contando com motoristas que retiram os pedidos nas lojas da rede e levam à casa dos clientes. Mas a única interação direta do consumidor acontece no cadastro, quando um consultor liga para ele ou visita sua casa para entender seus gostos e hábitos de consumo.
Interação de aplicativos com usuários
O Wechat , uma espécie de WhatsApp extremamente popular na China - e que tem funções mais avançadas, como carteira virtual integrada - também inovou no que parece ser a "próxima geração" da interação de aplicativos com os usuários, segundo o futurista. O aplicativo da Tencent permite a empresas e marcas desenvolverem "miniprogramas" dentro de sua interface, para atender funções específicas.
Por exemplo, o site JD.com, um dos maiores de comércio eletrônico na China, desenvolveu um miniprograma para permitir que os usuários busquem e comprem produtos de sua base de dados dentro do Wechat. Já a companhia de compartilhamento de bicicletas Mobike construiu um espaço para que os clientes possam, usando o programa de mensagens instantâneas, encontrar e desbloquear bicicletas para uso nas cidades. Fazer tudo dentro do mesmo aplicativo faz com que o consumidor gaste menos tempo e tenha sua vida facilitada.
O presente já está obsoleto?
É uma evolução, mas ainda longe do potencial que a automatização pode oferecer, em especial com os sistemas de interpretação de voz. Certo é que o comércio eletrônico deverá ser cada vez mais afetado por essas inovações, diz Spencer. E até mesmo as redes sociais, da forma como são hoje, tendem a se tornar obsoletas.
"Vivemos num mundo em que o Facebook é para pessoas velhas, o LinkedIn está mais para um canal de propaganda pessoal, e as pessoas passam mais tempo em dispositivos móveis do que jamais passaram em computadores. A inteligência artificial por voz significa a real entrada para o 'primeiro mundo' da relação humanos-inteligência artificial, em que a ideia de procurar por informação pode ser extinta", prevê.