Investimento em expansão pode estar prejudicando lucro dos supermercados

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Fernando Salles - Fernanda Vasconcelos - redacao@savarejo.com.br -

Índice de endividamento também está bem acima do considerado aceitável por especialistas

Juntas, as varejistas que faturam acima de R$ 50 milhões ao ano abriram 236 unidades – uma alta de 9% sobre 2017. Para este ano, tudo indica que as aberturas serão novamente o motor de crescimento do setor. A Pesquisa Maiores Varejistas , realizada por SA Varejo, identificou que 67,1% do lucro obtido no ano passado será destinado, até o final de 2019, à expansão. Até aí tudo bem, não fosse o fato de muitos varejistas abrirem lojas sem uma análise mais profunda, acreditando que se trata da melhor saída para ampliar escala. O problema é que, muitas vezes, a iniciativa pressiona os indicadores de lucratividade.

Para se ter uma ideia, o lucro líquido teve uma ligeira retração de 0,07 ponto percentual (pp) em 2018 e atingiu 1,87%, enquanto a margem bruta caiu pelo terceiro ano consecutivo – desta vez em 1 pp, alcançando 25,6%. E mais: o endividamento das redes varejistas ficou em 18,3%, em média, quando o nível considerado confortável é de 9%, segundo especialistas em varejo. Portanto, a que custo está vindo esse crescimento? O quanto ele está sendo saudável e quais riscos as empresas estão correndo?

Como agregar estratégia à expansão

  • Em vez de adquirir imóveis e terrenos com base apenas no feeling, é recomendado ter uma equipe focada em monitorar oportunidades condizentes com os planos da empresa, além de negociar a compra, como recomenda a consultoria BCG
  • Já a Roland Berger enfatiza que a decisão de abrir lojas deve ser pautada no posicionamento da rede, na definição da segmentação e em estratégias de canais
  • Esse trabalho precisa começar de fora para dentro, considerando quesitos como tendências de consumo, perfil do shopper a ser atendido, foco em algum nicho de mercado ou não, etc.
  • Deve passar ainda pela escolha dos formatos de loja que a empresa vai operar, até a definição exata da quantidade e das características do portfólio de unidades a serem inauguradas
  • Além disso, ferramentas de geomarketing ajudam a mapear locais para abertura de lojas dentro da estratégia traçada

Flávio Magalhães, sócio da consultoria BCG  (Boston Consulting Group), reconhece que expansão é um dos fatores relevantes no processo de crescimento do varejo. No entanto, ela deve ser bem planejada, o que inclui análise minuciosa de aspectos como disponibilidade de capital para investir e retorno esperado. “O grande risco é concentrar toda a estratégia de crescimento da empresa apenas na abertura de lojas”, avisa. Ele lembra que, em muitos casos, o retorno do investimento pode demorar anos.

“Daí a necessidade de agregar uma visão mais estratégica à expansão. Com isso, evita-se canibalização de vendas com lojas da própria rede que já estão em operação, além da deterioração da rentabilidade”, afirma outro especialista, Gerson Charchat, sócio e responsável pelas áreas de varejo, consumer goods e agribusiness da Roland Berger . Já Alexandre Marciano, vice-presidente da Cosin Consulting , lembra que mais lojas levam a custos maiores, como estoque de mercadorias e maior contingente de pessoas contratadas. Tudo isso, vale ressaltar, pressiona para baixo a margem e o capital de giro.

Riscos para os negócios

É muito comum – e compreensível – que o senso de urgência por resultados rápidos e a preocupação de não perder uma boa oportunidade, como a aquisição de um terreno, levem o varejista a correr alguns riscos. Um deles é achar que, embora o endividamento esteja alto, as vendas geradas pelo empreendimento serão suficientes para pagar as parcelas da dívida. Em muitos casos, essa avaliação não se concretiza, levando também a problemas de fluxo de caixa.

Para evitar essa situação, é importante avaliar a estrutura de capital ao longo do tempo. Segundo João Francisco Aguiar, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alphaville, um nível de endividamento de 20% com financiamento de longo, como o via BNDES , é melhor do que um de 10% composto por passivos bancários de curto prazo. “Alavancagem é positiva se o custo financeiro é baixo e proporciona VPL [valor presente líquido] positivo no projeto que está sendo financiado”, explica o especialista. Em outras palavras, as análises são bastante complexas, porém necessárias para garantir o crescimento sustentável do varejo.

Entenda a Pesquisa maiores varejistas

Pelo segundo ano, SA Varejo realiza a pesquisa Maiores Varejistas, que aufere o desempenho do varejo alimentar. Neste ano, participaram cerca de 360 empresas. Elas reportaram seu faturamento por formato de loja, gerando o ranking geral das 150 maiores, que você encontra nesta edição. Já o ranking completo, com todas as empresas participantes, além da segmentação por formato e Estado, estão disponíveis no Portal SA Varejo. Essas varejistas também nos enviaram o faturamento individual de1.295 filiais, o que, somado às 106 lojas independentes, permitiu projetar a receita anual do setor. Para isso, foi gerado um índice médio de vendas/ m2, segmentado por região e tipo de loja e, dentro do formato de supermercados, por nº de checkouts. Também foi realizado um estudo complementar com indicadores, como margem, destino do lucro, endividamento, ebitda, etc.

Continua em: 

Parte 2:

https://www.savarejo.com.br/detalhe/negocios/antes-de-abrir-lojas-garanta-eficiencia-na-operacao

Parte 3:

https://www.savarejo.com.br/detalhe/negocios/entenda-o-cenario-atual-da-expansao-por-formatos

 

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