Especialista vê indícios de virada positiva na geração de empregos no Brasil

Reportagem SA+ -

Quantidade de vagas teve aumento gradual nos últimos cinco meses. Indicador influencia diretamente o consumo das famílias

A informação mais recente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que foram gerados 121 mil postos de trabalho formais no Brasil em agosto. O número pode não parecer tão expressivo em um país com mais de 12,6 milhões de desempregados, no entanto confirma o quinto mês consecutivo com saldo positivo na criação de vagas de emprego, e o melhor resultado para agosto em seis anos.

Hélio Zylberstajn, professor de economia da USP, analisa que o crescimento é pequeno, porém gradual. Especialista no assunto e coordenador do Salariômetro , ele lembra que o resultado do oitavo mês deste ano superou em 11% o registrado no mesmo período de 2018, desempenho bem acima da média de todo o ano de 2019, que registra até aqui avanço de 4,3% na comparação com o cenário que era registrado neste mesmo momento do ano passado.

Crescemos um pouquinho em 2018, um pouco mais neste ano e a vantagem está se acelerando", resume o professor, para quem os dados mais recentes do Caged podem indicar uma virada no mercado de trabalho.

Vagas formais x Informalidade

Com base em dados da Pnad Contínua, apurados pelo IBGE considerando empregos formais e informais, Hélio Zylberstajn observa que o principal crescimento da ocupação ainda é proveniente das chamadas "relações de trabalho atípicas", nas quais se enquadram profissionais autônomos, PJs, empreendedores individuais. Na avaliação do especialista, há duas hipóteses mais prováveis para isso, e ainda não há como dizer com certeza qual delas predomina.

A primeira indicaria mudança de padrão no mercado de trabalho, com possibilidade de piora em razão do desaparecimento de empregos de melhor qualidade. A segunda seria o fato de as empresas estarem receosas em formalizar contratações por ainda não terem certeza sobre a recuperação econômica, o que incentivaria acordos não formais com colaboradores. Caso predomine essa segunda possibilidade, o cenário será, de fato, de recuperação, já que trata-se de um processo natural em momento assim o crescimento começar pela informalidade para depois se tornar mais forte nas vagas formais.

Reajustes acima da inflação

O fato é que os últimos meses revelam, aos poucos, elevação de vagas formais e  também de ocupações atípicas. Outro dado positivo, conforme destaca o professor da USP, é que a maior parte dos reajustes no primeiro semestre deste ano ficaram acima da inflação, o que indica ganho real aos trabalhadores. "A inflação baixa mantém o poder de compra, e está permitindo reajustes acima dela, com um pequeno ganho", explica Hélio Zylberstajn.

  

 

 

Fonte: Folha de São Paulo