Consumo de alimentos mudou e seu supermercado pode lucrar com isso

Alessandra Morita e Patrícia Büll - redacao@savarejo.com.br -

Queda na margem do varejo tem imposto a necessidade de desenvolver categorias e segmentos mais rentáveis. A boa notícia é que existem oportunidades, basta sua loja acompanhá-las

 

Apesar do atual cenário econômico algumas categorias dentro da seção alimentar crescem a cada ano. Afinal, indicam, em muitos casos, tendências sem volta e que estão sendo aceleradas pela chegada de inovações desenvolvidas tanto por grandes fornecedores quanto por foodtechs . O fato, portanto, é que a cara do consumo está mudando e você precisa acompanhar.

A queda na margem do varejo tem imposto a necessidade de desenvolver categorias e segmentos mais rentáveis. Nesta reportagem, trazemos alguns destaques que podem ser mais bem explorados nas lojas, além de insights de especialistas e de fornecedores e ainda números de mercado.

 

Fique atento ao GC

O gerenciamento por categorias é uma ferramenta importante para promover ajustes nas categorias, tendo como foco o shopper. Para Rafaela Natal, consultora da AGR , a partir da sua aplicação, é possível melhorar o desempenho das categorias, atrair novos consumidores, facilitar a gestão de compras e até reduzir custos, como o de estoque parado.

O que muda no layout de alimentos

Os produtos frescos estão ganhando mais espaço no supermercado. É o que afirma Roberta de Oliveira Aur Raso, arquiteta especializada em varejo alimentar. Segundo ela, para abrir espaço a esses itens, muitas redes estão identificando aquelas categorias de alimentos cujas vendas estão em queda, com o objetivo de promover ajustes. Ainda conforme a arquiteta, as grandes companhias do autosserviço alimentar já estão dedicando 50% do espaço das lojas do formato de supermercados para os alimentos frescos.

Importante!
“Não basta expor esses produtos em gôndolas comuns. Eles precisam de boa visibilidade e cuidado na exposição, com uso de móveis específicos que destaquem a presença deles na loja”, afirma a arquiteta Roberta Raso.

 

Lojas de proximidade – unidades pequenas, inseridas em locais de grande tráfego de pessoas, como Carrefour Express , Minuto Pão de Açúcar , entre outros – devem focar as categorias de alimentos que geram fluxo diário de consumidores. Nesse caso, afirma Roberta, é importante apostar também em equipamentos que, além de valorizar a exposição, contribuam para aumentar a produtividade. Isso porque essas lojas precisam operar com custo menor para compensar a complexidade logística e o baixo tíquete.

 

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Avalie ampliar o sortimento

Alimentos com apelo à saúde e que ajudam a cuidar da boa forma, itens naturais, gourmet e práticos não só estão alinhados aos novos hábitos do consumidor como também à necessidade de rentabilizar o negócio. Daí a importância de analisar a possibilidade de ampliar seu sortimento e, por consequência, seu espaço de exposição. Marco Aurélio Lima, diretor de atendimento da GfK , cita alguns segmentos que merecem atenção do varejo, como alimentos sem glúten, lactose ou sódio. “Criou-se uma ideia equivocada de que produtos industrializados fazem mal à saúde, o que tem aumentado a busca por itens sem agrotóxico, como frutas, verduras e legumes orgânicos”, afirma. Somam-se a isso alimentos funcionais e integrais, que contribuem para o melhor funcionamento do organismo e reforçam a sensação de bem-estar.

Queijos especiais: Aumento da frequência de compra

Produtos gourmet e de boa rentabilidade, os queijos especiais têm alto potencial de consumo. Sua penetração é de 10% dos lares, enquanto os básicos têm presença em 88%. “Isso significa que, trabalhando penetração e frequência de compra, há muito espaço para crescimento”, afirma Eduardo Jakus, diretor da unidade de negócios de queijos da Vigor . Para ele, já é possível notar uma procura maior do consumidor por esses produtos, como ocorreu com as cervejas especiais. No caso de queijos, avalia o executivo, o varejo ainda tem focado mais a sazonalidade da categoria. “A tendência agora é justamente trabalhá-la de maneira regular”, afirma Jakus. Uma boa tática é priorizar no mix os produtos fracionados, seja pelo fabricante seja pela loja, pois oferecem menor desembolso por unidade.

Cafés especiais se destacam, mas a versão cápsula cresce 26%

Cafés especiais e instantâneos gourmet, além daqueles com apelo à saudabilidade (zero lactose, diet, light e sem açúcar) estão entre os segmentos que vêm atraindo o interesse do consumidor. O caso mais emblemático, entretanto, continua sendo o das cápsulas. Cresceu em valor quase 26% no varejo alimentar, contra uma queda da versão em pó em torno de 4%, conforme dados da Nielsen . Segundo Diogo Alves Oliveira, responsável pela área de Shopper Marketing e GC da 3corações , a categoria passa por um momento de transformação em que o consumidor está mais atento à cultura do café e exige melhor qualidade. Por conta disso, diz o executivo, algumas redes estão deixando de trabalhar a categoria como rotina para tratá-la como destino. É importante avaliar se essa mudança traria vantagens para sua loja. Confira a seguir outras recomendações da 3corações:

  • Defina o papel da categoria e, a partir dele, trace as estratégias para desenvolvê-la
  • Trabalhe com um mix de produtos alinhados ao perfil do shopper específico da sua loja
  • Adote uma comunicação que facilite ao shopper encontrar o que procura, destacando os lançamentos e as novidades e educando-o em relação aos diferentes tipos de cafés
  • Tudo isso torna a experiência de compra mais positiva e fideliza esse consumidor

Congelados de maior valor agregado sobem 14%

O mercado de congelados esteve estável em 2018, segundo informações da Seara  com base em dados da Nielsen. “Para este ano, a expectativa é de que haja um crescimento de 1,5%”, afirma José Cirilo, diretor executivo de marketing da empresa. Paralelamente a esse cenário, os produtos de maior valor agregado apresentaram um aumento superior a 14%, lembra o executivo. “O espaço destinado a esse segmento ainda não é condizente com seu crescimento”, avalia Cirilo. Só os congelados vegetarianos, nos EUA, ocupam cerca de 40% do espaço da categoria. Para Ricardo Bicov, diretor de projetos da Qualivar Consultoria , o autosserviço alimentar ainda precisa trabalhar melhor itens de maior valor, em especial os gourmet. “Eles precisam de um cuidado diferenciado, como ter colaboradores treinados para ajudar na compra, além de maior variedade no mix”, recomenda.

 

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