Pesquisas mostram o atual cenário da ruptura no varejo alimentar

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Reportagem SA+ -

Crescimento em abril e aumento do índice às segundas-feiras são alguns dos principais resultados das pesquisas


Foto: Arquivo SA+

Dados divulgados de pesquisas realizadas pela Mob2Con  e pela  Neogrid , esta em conjunto com a Horus , trazem informações sobre o atual cenário da ruptura. O levantamento realizado pela Neogrid, empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo, em parceria com a Horus, empresa de inteligência de mercado do ecossistema de negócios da companhia, demonstra que em abril de 2023 foi alcançado o maior índice do ano (13,5%) de falta de produtos nas prateleiras.

O estudo analisou a malha da Neogrid que mede a falta de itens nas prateleiras de grandes redes de varejos e indústrias pelo País, e demonstrou uma alta de 0,6% em relação a março, e de 2,2% comparado ao mesmo período em 2022.  

Já a pesquisa realizada pela Mob2Con, plataforma de inteligência de dados para a eficiência operacional do varejo, aborda quais dias da semana ocorrem as maiores taxas de ruptura. De acordo com o analisado, a ocorrência é mais recorrente às segundas-feiras, com uma frequência que alcança 21,10%. O estudo considerou ao todo informações dos últimos 12 meses, e mostra o percentual de cada dia da semana. Logo após o primeiro dia útil aparecem a terça-feira (17,79%), o domingo (16,35%) e a quarta-feira (16%). Já a quinta-feira, a sexta-feira e o sábado apresentam os menores índices com, respectivamente, 15,70%, 12,74% e 10,25%. 

Para Carlos Wayand, CEO da Mob2Con, os números refletem o comportamento do cliente final. “Enquanto os clientes aproveitam o final de semana para ir ao supermercado realizar as compras, o abastecimento das gôndolas acaba comprometido devido às folgas dos funcionários, principalmente aos domingos. Assim, o maior impacto na ruptura acaba ficando para a segunda-feira, pois é impossível recuperar a loja logo pela manhã, já que este é um processo que normalmente toma o dia todo”, explica Carlos. “Já no sábado ocorre o inverso. Normalmente, as prateleiras estão abastecidas para que os consumidores não fiquem frustrados ao longo do final de semana”, conclui o empresário.

Um problema de preço

A evolução do índice de ruptura presente no estudo realizado pela Neogrid e Horus também analisa dados sobre o aumento de preços dos produtos e indica que a indisponibilidade dos itens nas gôndolas se deve, sobretudo, aos custos elevados.

“Além das condições climáticas, que tornam o custo de produção mais alto e impactam no aumento do preço dos produtos, existe um fator econômico de comportamento do consumo que reflete nas estratégias de abastecimento do varejo. Com a alta inflação e a redução do poder de compra do consumidor, o varejo se torna mais cauteloso com a reposição, e acaba comprando menos da indústria. Isso gera um efeito de ruptura, mas não quer dizer que os produtos não estejam disponíveis nas gôndolas, e sim que o varejo está dando preferência a produtos de alto giro com tíquete médio menor”, afirma Robson Munhoz, diretor de Customer Success da Neogrid.

Esse aumento nos preços pode ser observado por meio dos dados de consumo da Horus/FGV. O preço do leite integral, por exemplo, sofreu variação de 4,4% em abril em relação a março, e aumentou principalmente em Belo Horizonte (7,8%), São Paulo (2,9%) e Rio de Janeiro (2,1%). 

“A oferta limitada de leite no campo, devido ao clima adverso e pela saída de produtores da atividade no ano passado, tem impactado no preço do produto e de seus derivados. Isso fez com que os supermercadistas deixassem de comprá-lo, causando uma supressão de 18,4% do alimento”, comenta Luiza Zacharias, diretora de novos negócios da Horus.

Outros alimentos que tiveram a ruptura elevada em abril como o feijão (17,7%), e o arroz (15%) também apresentaram uma alta nos preços de respectivamente 14% e 9% entre o primeiro mês do ano e abril. Entretanto, o café, que também esteve em falta pelo quarto mês consecutivo (13,6%), apesar de manter o valor elevado, registrou queda de 1,2% no preço.

Como romper a ruptura

Atualmente, existem 3 tipos distintos de rupturas que podem afetar as operações: comercial, logística e administrativa. A ruptura comercial ocorre quando há falhas no processo de compras, enquanto a ruptura logística é provocada por problemas no abastecimento do centro de distribuição para a loja, e por fim, a administrativa decorre do estoque virtual ou de quebra operacional quando o estoque físico não é regularizado.

Para o CEO da Mob2Con, a ruptura simboliza um perigo significativo, principalmente para os varejistas, pois acarreta em consequências negativas como o corrompimento da imagem e a perda do faturamento, lucratividade e possivelmente do cliente.

“Hoje saber gerenciar eficientemente o estoque é um item capaz de aumentar a satisfação do cliente e evitar prejuízos para a marca, tanto na questão financeira quanto no fator reputacional. Manter as gôndolas abastecidas é fundamental para que o cliente se sinta satisfeito”, enfatiza Carlos Wayand. 

Diante da problemática, para Carlos, as melhores alternativas para impedir que a ruptura operacional afete a relação entre os consumidores e varejistas é a utilização de métricas para assegurar que a reposição de todos os produtos seja imediata, principalmente nos dias nos quais o mercado fica mais lotado e com menor quantidade de mão de obra, como é o caso dos finais de semana. 

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