Os caminhos para o crescimento foram discutidos pelas consultorias Bain & Company, RockOn Advisors e Falconi e por varejistas das redes Mateus, Unno e Coop
Um futuro de sucesso para as redes supermercadistas brasileiras passa pelo compartilhamento de interesses e objetivos entre varejo e indústria, o que traz grandes oportunidades de crescimento conjunto de modo consistente, conforme mostrou Flávio Boan, sócio-diretor da Falconi Consultores de Resultado em sua apresentação no II Fórum Nacional de Integração Varejo & Indústria. E o JBP (Joint Business Plan) , quando bem executado, é uma ferramenta eficiente nesse trabalho. De forma detalhada, Boan destacou os aspectos fundamentais para a construção do JBP e relatou os principais equívocos que geram desvios entre o previsto e o realizado nos planos comerciais traçados entre varejo e indústria.
E por falar em futuro, nada melhor do que prestar atenção em quem soube antecipar tendências no setor varejista, ainda mais quando se trata de uma empresa que terá presença cada vez mais forte no Brasil. Sim, estamos falando da Amazon . Muito se fala da companhia de Jeff Bezos, no entanto pouco se discute sobre maneiras de o varejo nacional se preparar para a concorrência com a Amazon por aqui. Esse foi justamente o tema abordado na exposição de Alfredo Pinto, sócio da Bain & Company , que comanda as operações da consultoria na América do Sul. Ficou claro que o avanço tímido da Amazon por aqui nos primeiros anos não deve iludir o setor, afinal a companhia tende a dar passos mais largos a partir de agora e, para que o varejo regional esteja preparado para encarar a concorrente, precisará dar motivo para o consumidor ir às lojas e ser eficiente na estratégia omnichanel.
Mesa Redonda
O futuro das empresas varejistas também foi discutido durante o Fórum em uma mesa redonda sobre o cenário da transformação digital em relação a pessoas, processos e tecnologia. Paulo Sergio Silva, fundador da consultoria especializada em digital RockOn Advisors , analisou o desafio de equilibrar a cultura tradicional das empresas, que atualmente paga as contas, com as novas demandas e desafios e na atração de novos talentos antenados. "Em dez anos, toda empresa vai ser de tecnologia", cravou.
Ilson Mateus Junior, diretor do Grupo Mateus , contou como foi o processo de desenvolvimento de um ERP próprio, depois de a empresa maranhense perceber que as opções disponíveis no mercado não estavam atendendo necessidades específicas da rede nem acompanhando seu rápido crescimento. O público também gostou de saber dos bons resultados obtidos após o Grupo Mateus separar a TI de suporte da parte de desenvolvimento.
Com larga experiência no setor varejista, Genival Beserra, presidente da Rede Unno , destacou que, na hierarquia das empresas, um erro comum é colocar a TI na alça do departamento financeiro. Para ele, avanços virão quando esse tipo de hierarquia rígida for quebrada.
Gustavo Ramos, diretor adjunto de supermercados da Coop , também marcou presença no debate e fez questão de ponderar que a transformação digital acontecerá nas empresas após uma mudança de cultura. "A Coop, inclusive, está contratando uma consultoria de transformação de cultura", comentou.